“Eu fui do céu ao inferno, meu coração está quebrado”. O relato triste é de S.R.N., 36 anos, depois que seu filho foi vítima de violência dentro da escola. Como é uma criança com Transtorno de Espectro do Autista (TEA) e deficiência intelectual, a mãe não consegue assimilar como um adulto teve a capacidade de machucar o seu “bebê”.
J.F.R.S., oito anos, é aluno da Apae e da Emeb Francisca de Arruda Fernandes. Ele teria sido ferido pela tutora escolar da unidade municipal de ensino na semana passada.
“Entre quinta e sexta-feira, meu filho disse que estava com dor de ouvido. Eu achei que fosse uma confusão, já que os dentinhos estão trocando, dei um analgésico e pedi que fosse dormir”, conta a dona de casa. Contudo, a criança estava nervosa e irritada.
“Levamos ele no domingo para passear e, quando estava deitado na rede, vi a orelhinha machucada, perguntei o que tinha acontecido e ele falou que foi a pessoa responsável por cuidar dele na escolinha que tinha puxado a sua orelha”, relata.
POLÍCIA
A mãe ainda tentou ver se não se tratava de uma mentira e disse ao filho que o machucado tinha sido provocado por ela (mãe), mas a criança reafirmou que foi a tutora. “Na mesma hora, peguei o carro e fui ao plantão policial para registrar um boletim de ocorrência. Ele relatou o que tinha ocorrido, mas só vai poder prestar depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher”, diz S.
Na segunda-feira (6), ela levou o filho ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito e o resultado deve sair nos próximos dias. “Fui também na Vara da Infância e da Juventude e o promotor ficou de investigar”.
A mãe conta que, na terça-feira (7), foi à Secretaria Municipal de Educação, onde foi atendida pela ouvidoria e pela secretária municipal de Educação, Silvana de Souza.
“Eu chorava muito e fui atendida. A secretária me disse que iria afastar a tutora e contratar outro profissional para ficar com meu filho na escola”, diz. Como a criança ainda está um pouco abalada, a mãe prefere que ele passe uns dias em casa.
“Só está indo na Apae e depois fica em casa, mas é melhor. Ele pede para eu ir à escola e fazer a tutora prometer que não vai mais puxar a orelhinha dele, que aí ele volta. Essa ingenuidade do meu filho me fere”, diz. “Se Deus me perguntasse se eu gostaria de ter um filho normal, que não fosse especial, eu escolheria o meu bebê. Ele é especial e me ensina tudo na vida”, finaliza.
PREFEITURA
Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura informa que a mãe procurou a Secretaria de Educação e, como medida, a professora foi afastada do convívio da criança até que o fato seja devidamente apurado.
Nany Fadil/Folha da Região