Centenas de estudantes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araçatuba e do Instituto Federal de Birigui protestaram na manhã desta quarta-feira (15) contra os cortes na educação anunciados pelo governo federal, que chegam a R$ 1,7 bilhão. As manifestações ocorreram em todo o País, após o anúncio do congelamento orçamentário do Ministério da Educação (MEC), que atinge desde a educação básica até a pós-graduação.
Em Araçatuba, os universitários dos cursos de Odontologia e Medicina Veterinária percorreram as ruas com cartazes. Eles saíram da frente da FOA, na Rua José Bonifácio, subiram a Rio de Janeiro até a Floriano Peixoto e pararam na Praça Rui Barbosa, Centro da Cidade.
Segundo a organização, 400 pessoas participaram do ato, que contou com a participação de aproximadamente 50 funcionários.
PESQUISAS
Os cortes anunciados pelo MEC atingem as bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), financia os programas de pós-graduação, mestrado e doutorado das universidades públicas. A Capes também atua na formação de professores da educação básica.
“As pesquisas serão prejudicadas com estes cortes”, afirmou o presidente do Diretório Acadêmico Carlos Aldrovandi, Felipe Yudi Lopes, 25 anos, aluno do sexto ano do curso noturno de Odontologia. Ele lembra que 95% das pesquisas do País são realizadas por universidades públicas. “A USP, Unesp e Unicamp são responsáveis por 25% destes 95%”, observou.
ATENDIMENTOS
Durante o protesto, os estudantes mostraram, por meio de cartazes, a importância da universidade para a população. A FOA atende mais de oito mil pacientes por ano gratuitamente, pelo SUS.
Os atendimentos contemplam restauração dentária, obturação de canal, prótese, pacientes oncológicos e os especiais, estes últimos por meio do Centro de Assistência Odontológica à Pessoa com Deficiência (Caoe).
Já a Faculdade de Medicina Veterinária oferece atendimento clínico e cirúrgico por meio dos hospitais veterinários de pequenos e grandes animais.
“Vários projetos são desenvolvidos dentro da faculdade. São trabalhos voltados à patologia do sistema nervoso; zoonoses, como raiva e leishmaniose; e de terapia assistida com animais em instituições da cidade, o chamado Cão Cidadão”, citou a vice-presidente do Diretório, Thaís Barbosa, 21 anos, estudante do quarto ano de veterinária.
Ela cita que as pesquisas desenvolvidas na faculdade refletem positivamente na saúde pública. “Nossa preocupação é que a educação não terá o suporte para se manter e crescer, afetando diretamente projetos que beneficiam a população”, disse.
Como exemplo, ela citou as pesquisas de imunidade à leishmaniose e de cardiologia de animais de pequeno porte, dentre outros.
BIRIGUI
Em Birigui, também houve protesto. Cerca de cem estudantes do Instituto Federal de São Paulo foram às ruas nesta quarta-feira (15), Dia Nacional de Luta pela Educação.
FUNCIONÁRIOS
Os servidores da Unesp de Araçatuba aproveitaram o ato para protestar contra as perdas salariais de 14,5% dos últimos quatro anos, e o déficit de 20% no quadro de trabalhadores da instituição.
O servidor Fabrício Manzatti Soares, da diretoria colegiada do Sindicato dos Trabalhadores da Unesp (Sintunesp), disse que os funcionários só receberam a primeira parcela do décimo-terceiro salário de 2018 em fevereiro deste ano. A segunda está prevista para este mês.
ESCOLAS ESTADUAIS
Em Araçatuba, algumas escolas do Estado aderiram à paralisação e tiveram as aulas suspensas. É o caso das escolas Ary Bocuhy, Arthur Leite Carrijo e José Arantes. Na Genésio de Assis e Joubert de Carvalho, o protesto atingiu cerca de 10% das aulas, pois alguns professores faltaram e nem todos foram substituídos.