Após a grande repercussão negativa com o anúncio do fechamento de 190 polos do Projeto Guri em todo o Estado, sendo 15 na região de Araçatuba, o governador do Estado de São Paulo, João Doria, voltou atrás e decidiu manter o projeto em sua integralidade. Maior projeto sociocultural do País, o Guri atende 64 mil crianças e adolescentes.
O fechamento dos polos era uma necessidade em razão do contingenciamento previsto pelo governo de São Paulo. Do orçamento de R$ 94,7 milhões do Guri, R$ 20,7 milhões seriam cortados. Educadores dos polos que seriam fechados chegaram a receber aviso-prévio na sexta-feira (30).
“Na qualidade de governador do Estado de São Paulo, quero deixar claro que não haverá nenhuma interrupção do Projeto Guri. O Projeto Guri continuará operando regularmente como está, afirmou o governador João Doria em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na tarde desta segunda-feira (1º).
Doria enfatizou que não haverá demissões de educadores nem corte de alunos e afirmou que pretende ampliar o Guri com a participação de investimento privado a partir de 2020.
Participaram da coletiva, ainda, o vice-governador e secretário de Governo, Rodrigo Garcia (DEM), o secretário da Fazenda, Henrique Meirelles e o secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão.
RECURSOS
Sobre o descontingenciamento dos R$ 20,7 milhões dos recursos do Guri, o vice-governador disse que o problema do Estado é muito maior.
“O déficit do orçamento do Estado, hoje, passa dos R$ 10,5 bilhões. Dentro desse déficit, estamos fazendo remanejamentos necessários para que a gente possa manter os programas prioritários pela decisão do governador”, afirmou Garcia. Ele disse que os R$ 20,7 milhões do Guri serão descontigenciados e voltarão ao projeto, para a sua manutenção.
IMPORTÂNCIA
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, disse que não há dúvida em relação à qualidade e importância do Guri e dos seus resultados.
“A nossa postura não poderia ser outra a não ser envidar todos os esforços para não apenas manter, mas ampliar o Projeto Guri”, afirmou. O governo não deu detalhes de como será esta ampliação.
Sá Leitão citou uma pesquisa do Instituto para o Desenvolvimento de Investimentos Sociais (IDIS), que aponta que, para cada um real aportado pelo governo do Estado neste projeto, a sociedade recebe R$ 6,40 em serviço.
“É um impacto positivo muito importante, é um efeito multiplicador e demonstra importância desse investimento do governo do Estado”, disse o secretário de Cultura e Economia Criativa.
AVISO PRÉVIO
Sobre o aviso-prévio dado aos educadores dos polos que seriam fechados, Sá Leitão disse que foi uma iniciativa da Organização Social como medida preventiva.
A advogada Mônica Rosenberg, que esteve em Araçatuba na semana passada e faz parte do Conselho de Administração do Guri, disse, em entrevista à Band FM, que a medida foi necessária porque o governo já havia sinalizado o corte de R$ 20,7 milhões.
APELO
O secretário de Cultura aproveitou a coletiva para fazer um apelo para que empresas patrocinem o Projeto Guri. Hoje, a participação privada no projeto é de apenas 6%, o equivalente a cerca de R$ 6 milhões anuais.
PRIORIDADES
Embora o Guri tenha sido preservado, outros projetos da Cultura estão ameaçados. É o caso da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a Pinacoteca do Estado de São Paulo e as Fábricas de Cultura.
“Cultura é importante, eu sou casado com uma artista plástica e a cultura faz parte da minha vida. Mas minhas prioridades absolutas são educação, saúde, habitação, segurança pública e assistência social” Estas pastas deverão ser as menos prejudicadas pelo plano de contingenciamento do governo.
O déficit fiscal do Estado, projetado em R$ 10,5 bilhões, levou o governo a determinar contingenciamento de R$ 5,7 bilhões em todas as áreas. Para a Cultura, foi estabelecido um contingenciamento de cerca de 23%, equivalente a R$ 150 milhões, incluindo os 24 contratos com Organizações Sociais e demais programas e ações.
GURI
O Projeto Guri é mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo em parceria com os municípios. É considerado o maior programa sociocultural brasileiro e oferece, nos períodos de contraturno escolar, aulas de iniciação musical, canto coral, instrumentos de cordas dedilhadas e friccionadas, sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes com idades entre seis e 18 anos.