Morreu, em pleno carnaval, aquela que brilhou nos concursos de rainha da Festa de Momo, nos idos da década de 1970, em Araçatuba. Maria Neide de Araújo, a bela morena que parava a Rua Oswaldo Cruz ao desfilar nos carros alegóricos carnavalescos, se foi na tarde desta segunda-feira (4), aos 63 anos, após três meses internada na Santa Casa local.
Neide fez par com o mais famoso Rei Momo da história de Araçatuba, o lendário João Navarro. Para os íntimos, ele fazia questão de dizer que ela fora a sua mais linda rainha. Isso há quase 50 anos.
Como bem lembra a advogada Carmen Silvia Casteletto, que foi chefe de serviço da Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura de Araçatuba e viveu a época dos grandes carnavais da cidade, os concursos de rainha eram muito acirrados e as meninas se empenhavam ao máximo para concorrer.
As disputas eram organizadas no Esporte Clube Corinthians ou ao redor da piscina do antigo Hotel Chamonix, hoje Nacional Inn.
“Havia meninas lindas, ganhavam sempre as mais bonitas, que tinham não só beleza, mas simpatia, boa comunicação e samba no pé. Com certeza, isso fez da Neide uma vencedora. Ela era linda e representava bem”, conta.
PARAVA O TRÂNSITO
Alta para os padrões da época, com os seus quase 1,70 m, a araçatubense brilhava com sua desenvoltura, beleza e simpatia. E parava o trânsito mesmo, como recorda o cabeleireiro Chiquito, que, ainda menino, acompanhava os desfiles.
“Ela era um mulherão, desfilava nos carros produzidos pelo Spironelli (o paisagista e carnavalesco Antônio Carlos Spironelli, que fez história no carnaval da cidade), e era, realmente, um símbolo de beleza na época”, conta.
As roupas usadas por Neide nas Festas de Momo eram produzidas pela modista Genny Rico, famosa por suas criações e responsável pela grande maioria das fantasias do carnaval araçatubense dos idos de 1960 e 1970.
Se hoje as rainhas saem de biquíni estilizados, na época, a moda eram os maiôs prateados ou vestidos longos, acompanhados da coroa de majestade. “Era chique ser rainha de carnaval na época, tinha toda uma pompa”, relembra Chiquito.
MODELO
Neide também concorreu ao acirrado concurso Miss Araçatuba, na década de 1970, e chegou a trabalhar como modelo na capital paulista. Ela, inclusive, foi a primeira garota-propaganda dos tanquinhos Colormaq, fabricados pela indústria araçatubense Color Visão do Brasil.
Nos anos 1980, a bela morena ingressou na Faculdade de Direito da Toledo (hoje, Unitoledo), em Araçatuba. Depois, entrou para o serviço público, na Secretaria do Estado da Educação.
APENDICITE
Segundo a psicóloga Ana Paula Junqueira, prima de Neide, nossa rainha foi internada na Santa Casa de Araçatuba em novembro do ano passado, com muita dor abdominal.
Segundo a família, ela teve uma apendicite que se rompeu e teve de passar por dois procedimentos cirúrgicos. Após mais de três meses internada lutando pela vida, Neide sofreu dois ataques cardíacos e não resistiu.
“Minha prima era uma pessoa de coração muito bom. Muito católica, estava sempre empenhada em ajudar as pessoas”, diz Ana.
Ela deixa dois filhos, Fernando e Ana Carolina. Seu corpo está sendo velado na capela da Funerária Cardassi, na Avenida Saudade. O sepultamento está marcado para as 16h, no Cemitério da Saudade, em Araçatuba.