Ao contrário do que disse a secretária municipal de Saúde de Araçatuba, Carmem Guariente, a respeito da concentração de esforços dos agentes de endemias nos bairros Umuarama e Hilda Mandarino, por causa dos casos de dengue e leishmaniose, funcionários do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) foram orientados a interromper os trabalhos nestas localidade, para realizar bloqueio contra dengue no condomínio de ranchos Copacabana, onde o diretor da Vigilância Sanitária e Epidemiológica, Alexandre Cândido Alves, possui rancho.
O caso aconteceu no sábado, 23 de fevereiro, e veio a público após denúncia do vereador professor Cláudio (PMN), durante sessão na Câmara Municipal desta quarta-feira (7).
Segundo o parlamentar, a orientação para realizar bloqueio no condomínio de ranchos partiu do próprio diretor, que, inclusive, estaria pleiteando concorrer ao cargo de síndico.
Nos dias que antecederam as primeiras ações no condomínio, os agentes trabalhavam no Umuarama, para bloqueio e coleta de sangue de cães, devido à morte de uma mulher de 38 anos por leishmaniose, no dia 20 de fevereiro. O trabalho deveria continuar no sábado (23), mas foi suspenso, atendendo à orientação do diretor da Vigilância.
Naquele dia, toda a equipe do Centro de Controle de Zoonoses foi direcionada para o Copacabana, onde foi feito bloqueio contra a dengue. Cerca de 30 funcionários se deslocaram em cinco veículos para o condomínio. O bloqueio consiste em entrar no imóvel, orientar os proprietários e retirar possíveis criadouros do Aedes aegypti.
“Isso é muito grave e precisa ser apurado. Vou encaminhar ainda hoje um ofício ao prefeito pedindo esclarecimentos”, afirmou o professor Cláudio.
O Regional Press apurou que os agentes do CCZ retornariam no último sábado (2) ao condomínio para fazer a nebulização, mas a ida acabou sendo adiada por causa da chuva.
NOTIFICAÇÕES
De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses, o trabalho foi realizado no Copacabana porque lá foram notificados, até o dia 23 de fevereiro, 15 casos de dengue.
“O local não foi escolhido aleatoriamente. Se chegarem à Vigilância Epidemiológica notificações de qualquer outro condomínio de Araçatuba, trabalho semelhante também será realizado”, informou o diretor da Vigilância Sanitária, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa da Prefeitura.
Apesar do argumento, não constam da atualização divulgada semanalmente pela Vigilância Epidemiológica os casos do Copacabana mencionados pela Prefeitura. Uma explicação para isso é que os casos podem ter sido notificados pelos endereços paciente na cidade, e não no condomínio de ranchos.
Pela última atualização, enviada no dia 1º deste mês, há apenas dois casos de dengue no Copacabana: um homem de 59 anos, que foi diagnosticado no dia seis de fevereiro, e uma mulher de 73, cujo diagnóstico foi registrado no dia 11 deste mês.
PERÍMETRO URBANO
O vereador que recebeu a denúncia afirma que os agentes do CCZ nunca saíram do perímetro urbano para fazer bloqueio em condomínio de ranchos e argumenta que os casos do Copacabana deveriam ter sido notificados na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Atlântico.
O bairro com maior número de casos de dengue em Araçatuba é o Hilda Mandarino, com 17 pacientes, segundo a última atualização da Vigilância Epidemiológica, no dia 1º de março. Até esta data, a cidade havia registrado 97 casos da doença.