Os 237 alunos da Escola Estadual Altina Moraes Sampaio, localizada no bairro Nossa Senhora Aparecida, em Araçatuba, deram um abraço simbólico no prédio da unidade escolar, na tarde desta sexta-feira (15), em protesto ao lixo acumulado em uma área verde que pertence ao município e faz divisa com a escola.
O ato é mais uma forma de chamar a atenção para o problema, que persiste há mais de um ano, apesar das constantes reclamações registradas na Prefeitura, via ofício e Atende Fácil.
No local, há entulho, folhas e galhos de árvores, sacos plásticos, copos e vasilhas. Além disso, rente ao muro da escola, o mato está alto.
AEDES, RATO E ESCORPIÃO
Segundo a professora Silene Devides Furlan, que dá aula de Artes e de Projeto de Vida, já foram encontradas larvas do Aedes aegypti na área e, somente no mês passado, cinco estudantes se ausentaram das aulas por suspeita de dengue.
“Já apareceu até rato aqui. Escorpião, então, é direto”, afirma Silene. A escola, de período integral, possui 237 estudantes do sexto ao novo ano, que ficam das 7h às 15h na unidade escolar.
A escola chegou a ser denunciada por causa do lixo e entulho acumulados ao lado do muro, mas como a área pertence ao município, a responsabilidade da limpeza é da Prefeitura.
“Eles passaram a máquina para aparar a grama e o mato, mas não retiraram o lixo”, explicou a professora. Segundo ela, os próprios vizinhos fazem os descartes no local.
A partir de conversas com os alunos, surgiu a ideia de realizar ações de conscientização dos moradores do bairro e da comunidade escolar sobre a importância de manter o espaço limpo. O projeto foi denominado de “Um por todos, todos por um”, famosa frase de “Os três mosqueteiros”.
PANFLETOS E ABRAÇO
Inicialmente, os estudantes confeccionaram 200 panfletos, de forma artesanal, com os dizeres: “Se você não joga lixo no chão da sua casa, por que jogar no espaço da minha escola?”. O material foi entregue nas residências do bairro na última semana.
A ideia é continuar com a panfletagem pelo menos duas vezes por semana.
Nesta sexta-feira, fizeram o que chamaram de “abraço do bem”, com todos alunos e professores de mãos dadas em volta do terreno da escola.
Durante o abraço, entoaram o grito de guerra: “Nós queremos respeito, queremos respirar, queremos a limpeza para o nosso bem-estar”.
Além da limpeza da área, alunos, professores e direção querem que a Prefeitura coloque uma placa de “Proibido Jogar Lixo”, uma forma de inibir o depósito irregular no local, afirma a diretora Gláucia Graneli.
ALUNOS
A aluna Maria Eduarda Fortin de Souza, dez anos, que cursa o sexto ano, espera que a área seja limpa e que as pessoas não joguem mais lixo lá. “Tem que acabar com essa poluição e com os mosquitos que têm aqui”, disse.
Já a estudante Sara Queiroz, 14, acha que o ato foi positivo, pois expressa o que os alunos e professores sentem com a situação. “Nós passamos nove horas por dia na escola e precisamos que este local esteja sempre limpo”, afirmou ela, que cursa o nono ano.
A aluna lembra, ainda, que as condições da área verde, sem calçada adequada, obrigam os pedestres a transitar pela rua, disputando espaço com os carros.
O estudante Kleber Zanca, 14, também do novo ano, diz que a sujeira pode levar doenças aos alunos e professores. “Muita gente já teve dengue aqui e vira e mexe são encontrados escorpiões”, disse.
OUTRO LADO
A Secretaria de Obras e Serviços Públicos informou, por meio de nota da assessoria de imprensa da Prefeitura, que enviará uma equipe, no início desta semana, para avaliar a situação no local.
O titular da pasta, Constantino Vourlis, acrescentou que irá fazer um levantamento interno para verificar se houve alguma falha da programação, visto que os pedidos feitos por meio do Atende Fácil seguem um cronograma.