A dona de casa Solange Nery Rodrigues, 37 anos, fez um desabafo em uma rede social, na madrugada de domingo (20), após ter de insistir por atendimento pediátrico no pronto-socorro municipal de Araçatuba para o seu filho, o pequeno José, de oito anos, que é autista. Lá, a orientação era que o garoto deveria passar por um clínico geral.
O problema não é exclusividade do garoto, mas de todas as crianças que têm acima de seis anos de idade, pois elas devem passar por um clínico geral, e não por um pediatra, segundo o contrato firmado pela Prefeitura com a Organização Social Santa Casa de Birigui, que gerencia os serviços de urgência e emergência de Araçatuba.
O caso de Solange ganhou repercussão, porque ela usou as redes sociais para desabafar. Ela contou que, enquanto esperava atendimento para o filho, notou que os dois clínicos gerais que atendiam estavam com pacientes, mas o pediatra de plantão estava disponível. Ao questionar a funcionária, Solange foi informada que o filho passaria pelo clínico, não pelo especialista em crianças, mesmo após explicar que seu filho é especial, o que causou revolta na mãe.
Inconformada, bateu na porta da sala do pediatra e informou as condições de seu filho. Segundo ela, o pediatra teria dito: “Para que esse circo? Pode parar com esse teatro, mãe!” Ao que a mãe respondeu: “Faço o circo, o teatro, o show e, se necessário para fazer valer o direito do meu filho, e caso você se negue a atender, vou chamar a polícia”, descreveu a mãe ao Regional Press.
O médico, então, examinou o menino, constatou que ele estava com a garganta inflamada e prescreveu vários medicamentos, inclusive um antibiótico. “A única coisa que não dá é ter que fazer o show, o teatro, o circo, todas as vezes que for fazer valer os direitos do meu filho. Isso é humilhante e desgastante”, desabafou a mãe.
Vereadores visitam PS e pedem mudança para ampliar atendimento de pediatras
O atendimento pediátrico no PS chegou a ser tema de discussão na Câmara de Araçatuba, no ano passado, mas nada mudou de lá para cá. Como as reclamações das mães continuaram e houve o caso de Solange e de seu filho José, que repercutiu nas redes sociais, os vereadores Denilson Pichitelli (PSL), que faz parte da Comissão de Saúde na Câmara, e Cláudio Henrique da Silva (PMN), fizeram uma visita surpresa ao PS na noite desta segunda-feira (21), com a reportagem do Regional Press e da Band FM 96,9 de Araçatuba.
Lá, os funcionários confirmaram que o atendimento pediátrico é, realmente, para crianças de zero a seis anos de idade, regra prevista no contrato da Prefeitura com a Organização Social Santa Casa de Misericórdia de Birigui. “O maior fluxo na pediatria é de crianças de zero a seis anos e é uma consulta mais demorada”, disse o coordenador dos médicos do pronto-socorro, Carlos Mori.
Ele explicou ainda que, embora o clínico geral atenda as crianças maiores de seis anos, o pediatra “reavalia” a decisão do colega.
ATÉ OS 12 ANOS
Após a visita ao pronto-socorro, Pichitelli e Cláudio Henrique vão solicitar à Secretaria Municipal de Saúde que estenda o atendimento pediátrico para crianças até 12 anos de idade. “Se o pediatra tem que chancelar o que o clínico faz, por que o pediatra não faz logo o atendimento?”, questionou.
Pichitelli relatou que recebe muitas reclamações, em seu gabinete, de mães que não conseguem atendimento com pediatra no pronto-socorro. “A gente veio até aqui verificar e vamos pedir ao prefeito que as crianças até 12 anos também tenham direito á consulta com pediatra”, disse.
MAIS UM CLÍNICO
Os vereadores também vão pedir mais um clínico geral para o pronto-socorro. O argumento é que, antes, havia cinco clínicos nos serviços municipais de urgência e emergência, sendo dois no pronto atendimento do São João, fechado no dia 31 de dezembro de 2017, e três no antigo pronto-socorro municipal. Hoje, o PS tem quatro clínicos, além de um pediatra e um ortopedista, este último, porém, faz atendimentos pré-agendados e tem uma carga horária de seis horas diárias.
Reportagem flagra prédio do PS sem extintores
Durante a visita dos vereadores Denilson Pichitelli (PSL) e Cláudio Henrique da Silva (PMN) ao pronto-socorro municipal, a reportagem da Band FM Araçatuba e do Regional Press constatou que o prédio está sem extintores de incêndio em pelo menos três locais onde há placas indicativas do aparelho.
Um dos locais é o corredor de espera dos pacientes por atendimento médico. O aparelho que deveria estar ali para combater possíveis focos de incêndio estava no chão de uma das salas usadas pelos clínicos gerais.
No corredor da sala de sutura também não havia extintores, apesar das duas placas na parede indicado que deveria haver dois aparelhos ali (foto acima).
Sobre o extintor do corredor de espera, o coordenador médico do PS, Carlos Mori, explicou que o aparelho foi retirado, pois havia o risco de cair sobre uma criança. Disse, ainda, que deverão rever onde o extintor deverá ser instalado.
A respeito da falta dos outros dois aparelhos, ele disse que não tinha conhecimento e que cobraria o técnico em segurança do espaço, nesta terça-feira (22), para providenciar os equipamentos.