Ao chegar à frente da residência do número 511 da Rua José Felipe Cordeiro, percebe-se que algo não está certo. Há restos de lixo queimado e um amontado de quinquilharias, desde garrafas e materiais de construção até roupas, sapatos e brinquedos. Uma mulher de aparência cansada e envelhecida aparece já se justificando e pede socorro.
Com problemas psicológicos e sem forças para limpar a sua casa, a catadora de recicláveis Ana Aparecida dos Santos, 50 anos, a dona Anita, pede ajuda para se livrar das toneladas de lixo que acumulou nos últimos dois meses e, hoje, toma boa parte de sua residência. E a entrada de sua casa é só o começo. Há muito mais, na garagem, sala, cozinha e no quintal.
Garrafas, restos de madeira, materiais de construção (blocos, janelas e restos de tinta), papelão, colchão velho, peneira, sapatos e uma centenas de peças de roupas são alguns dos objetos que dona Anita juntou e não sabe mais o que fazer com eles.
Como catadora de recicláveis, ela conta que foi acumulando e perdeu a noção da quantidade de lixo que levou para dentro de casa. Sem saber o que fazer, ela tirou pequena parte dos resíduos do fundo e queimou na calçada, de terra.
“Tenho medo da sujeira, por isso comecei a limpar, mas não tenho forças”, diz. Ela afirma que uma caçamba resolveria o problema, porque suas irmãs e vizinhos se prontificaram a ajudá-la a retirar o material de sua casa, mas ela não tem recursos para alugar um recipiente para depositar o lixo.
A catadora, que consegue, no máximo R$ 150,00 com os recicláveis que recolhe das ruas e vende, é beneficiária do bolsa-família. O marido, doente, recebe auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
BAZAR
Além do lixo que juntou em sua casa, Anita tem uma verdadeira montanha de roupas. São peças e mais peças acumuladas em sua sala, tantas que nem ela sabe quantas são ao todo.
A vontade é separar as melhores peças e promover um bazar “pra fazer um dinheirinho”, segundo ela. Mas falta ânimo para remexer no monte de roupas. Assim como falta disposição para limpar a casa, que estava bem suja quando a reportagem chegou.
“Minha casa era tão limpinha, mas não tenho mais ânimo para fazer nada. Minha vontade é pegar uma estrada e sumir pra bem longe”, diz, aos prantos. Ela conta que procurou ajuda médica, pois desconfia estar com depressão, mas só conseguiu consulta para o dia 21 de fevereiro.
TELHA
Outro problema que a deixa ainda mais triste é o seu telhado deteriorado. Ela já perdeu as contas de quantos móveis e roupas perdeu por causa da água que invade a casa quando chove. “Não aguento ver minha casa molhando. Quando chove, molha tudo”, conta. Por isso, ela pede ajuda para conseguir telha e consertar a cobertura de sua casa.
PREFEITURA
Questionada, a Prefeitura de Araçatuba disse que a Secretaria Municipal de Saúde possui três cadastros com o nome de Ana Aparecida dos Santos.
“Os agentes solicitam o envio do endereço da senhora Ana Aparecida para que seja feita uma ação que envolva atendimento de saúde e de assistência social”, informou a assessoria de imprensa. A reportagem do Regional Press e da Band FM enviou o endereço à assessoria.
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