Minutos antes do início da sessão de julgamento do policial militar Vinicius Coradim, acusado de acusado de matar o estudante Diogo Belentani, o pai da vítima, o ex-comandante do (CPI-10) Comando de Policiamento do Interior-10, coronel Armando Belentani Filho, foi a frente do púbico e anunciou: “Queria pedir aos parentes e amigos que estão usando a camiseta com a foto do meu filho, que foi assassinado, que retirem a camiseta ou virem do avesso. Fui informado que não será permitida a presença nossa com essa camiseta. Acho um absurdo, mas vamos respeitar essa decisão”.
Com essas palavras e uma feição de indignação, ele e todas as pessoas que usavam a camiseta com a foto de Diogo se retiraram do salão do júri e foram até o banheiro, e minutos depois retornaram com as camiseta viradas do avesso para poderem acompanhar o julgamento, que foi muito concorrido, com formação de fila que iniciou antes das 6h.
Antes de deixarem o salão o advogado de defesa do réu começou a esbravejar em voz alta, dizendo que não era advogado de “merda” e exigia respeito, porque ele era advogado do réu e não estava desrespeitando ninguém pelo local. A bronca foi dirigida a um senhor que usava a camiseta com a foto de Diogo, e teria questionado o fato da decisão de não poder usar a camiseta, atribuindo isso a um possível pedido do advogado, que teria ouvido um insulto por parte do senhor.
O julgamento foi marcado para iniciar às 9h e teve um atraso, inclusive por conta da aglomeração de público na porta do fórum, que atrapalhou a entrada de jurados e também de funcionários.
O público que se aglomerava tentando uma vaga para assistir a audiência era formado por amigos da Diogo, além de estudantes de direito. Como estava chovendo forte no pela manhã, todos que estavam no local tentaram se abrigar no toldo do acesso principal do fórum.
No salão do júri os parentes do réu estavam a frente ao lado esquerdo e os parentes e amigos de Diogo Belentani ocupavam as primeiras filas do lado direito. A imprensa está acompanhando o julgamento e foi solicitado que não mostre os jurados e nem o réu.
CHURRASCO E TRAGÉDIA
O caso aconteceu em 15 de julho de 2017 na casa de parentes de Coradim, na rua Baguaçu, durante um churrasco entre amigos. O tiro disparado por Vinícius acertou o peito de Diogo, que não resistiu.
A primeira audiência aconteceu dia 9 de janeiro. Na ocasião, mais de 15 testemunhas foram ouvidas em aproximadamente quatro horas.
Inicialmente, o réu alegou que o disparo foi acidental e aconteceu quando ele tentou tomar a arma da vítima. Mais tarde, após depoimentos de testemunhas, a Polícia Civil constatou que o policial estava tentando distorcer a versão original do fato.
O PM também admitiu que colocou a arma na mão do estudante quando ele estava caído. Apesar de ter confessado, ele manteve a versão de que o disparo aconteceu de forma acidental.
A defesa de Vinícius entrou com pedido de liberdade, mas o recurso foi negado. Ele permanece preso em um presídio militar, em São Paulo.
O PM está sendo julgado por homicídio doloso, quando há a intenção de matar.