Oito dias após a estudante Rayane Paulino Alves, de 16 anos, desaparecer depois de ir a uma festa paga em Mogi das Cruzes, a polícia encontrou o corpo dela na Estrada Francisco Lerário, em Guararema. O suspeito do crime, Michel Flor da Silva, de 28 anos, foi preso na madrugada de quarta-feira (31).
A polícia chegou até o suspeito depois de, entre outras ferramentas, colher imagens da câmera de monitoramento do terminal rodoviário em que ele trabalhava como segurança, e de encontrar uma caneta dele no local onde o corpo da jovem foi desovado.
Segundo a polícia, o suspeito confessou o homicídio e disse que o fez porque a jovem havia consentido a relação sexual entre os dois, mas depois se arrependeu e disse que iria denunciá-lo pelo crime de estupro.
Veja o que se sabe até agora sobre o caso Rayane:
1. Rayane Paulino Alves, de 16 anos, era aprendiz em uma indústria automobilística, cursava inglês e fazia o segundo ano do ensino médio. Saiu na noite do sábado 30 de outubro para ir a uma festa com as amigas, foi estuprada, morta e teve o corpo desovado em uma área de mata de Guararema.
2. Duas amigas, segundo a família de Rayane, as jovens estudavam juntas no período noturno de uma escola em Mogi das Cruzes. Elas convidaram a estudante para ir à festa na noite de sábado e contam que Rayane decidiu ir embora sozinha.
3. Marlene e Marcio Paulino, pais de Rayane, eles contam que a filha disse que iria à festa com as amigas na noite de sábado e faria contato pedindo para que eles fossem buscá-la ao término do evento. Já na manhã de domingo, eles tentaram contato com a filha, mas não conseguiram.
4. Motorista de aplicativo, segundo a polícia, homem de mais idade que encontrou Rayane caminhando durante a madrugada na Rodovia Mogi-Guararema. Ele alertou que ela estava indo para o sentido errado, diante da informação que ela tinha interesse em ir a Mogi, e a ofereceu carona até o terminal de Guararema. Para a polícia, ele não tem envolvimento no estupro e morte da jovem.
5. Michel Flor da Silva, bombeiro civil, segurança e lutador de capoeira há 12 anos, tem 28 anos, é casado, pai de dois filho, trabalha em uma empresa terceirizada de segurança na Rodoviária de Guararema. Ele confessou, segundo a polícia, ter matado a jovem após uma relação sexual entre os dois.
Cronologia, segundo a investigação da Delegacia de Homicídios de Mogi
Sábado, 21 de outubro
- Rayane vai à igreja e volta para casa da família e diz que foi convidada a ir para uma festa na companhia de duas amigas
- O pai a leva até a casa de uma das amigas e deixa combinado de que ele a buscaria no sítio em que a festa era realizada quando ela ligasse para
- ele avisando que gostaria de ir para casa
- Durante a festa, as amigas de Rayane contam que ela decide ir embora porque não estava gostando do evento
- Ela deixa o evento à pé e, ao invés de seguir no sentido Mogi da Rodovia Mogi-Guararema, segue rumo contrário.
Domingo, 22 de outubro
- Na primeira hora do dia, Rayane segue caminhando sentido Guararema quando o motorista de aplicativo a encontra. Eles conversam e ele a alerta que ela está no sentido errado, já que a intenção é acessar Mogi. Ele oferece carona para ela até a Rodoviária de Guararema.
- Por volta da 1h, Rayane chega ao terminal rodoviário. Caminha pela estrutura e senta-se.
- O segurança Michel Flor da Silva vai até a jovem, lhe oferece uma jaqueta e água, mas ela não aceita. Os dois conversam e ele a promete a ela uma carona até Mogi
- O rastreador do celular de Rayane mostra que ela foi até a cidade de Jacareí e possivelmente São José dos Campos
- Às 2h10 da manhã, o celular de Rayane liga para a polícia. A chamada dura 14 segundos, mas não completa
- Às 5h, os pais da jovem percebem que ela não está em casa e começam a mobilização para encontrá-la
Operações de buscas e encontro do corpo
Na segunda-feira, dia 22 de outubro, os pais de Rayane espalharam vários cartazes pela cidade com fotos dela e o telefone de familiares para contato. Na dia seguinte, o celular da estudante é localizado por um trabalhador que passava no km 170 da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Jacareí.
Com o apoio de uma ONG do interior de São Paulo que tem cães farejadores, a família começa a fazer buscas pela jovem com o auxilio dos animais. Eles farejam que ela deixou o sítio em direção a Guararema.
Na área onde o celular da jovem foi localizado, os cães ficam eufóricos. As buscas são encerradas por conta do anoitecer e retomadas na manhã do dia seguinte, sexta-feira, dia 26. Durante todo o dia, os animais apontaram que o corpo poderia estar em um lago.
Diante desta possibilidade, equipes do Corpo de Bombeiros e mergulhadores de Jacareí fizeram as buscas já no sábado, dia 27, mas informaram que não encontraram qualquer vestígio de que a jovem estaria por lá.
Houve buscas ainda no bairro Bela Vista, em Jacareí, com o apoio do helicóptero Águia, depois de uma denúncia anônima.
Mas o corpo, em avançado estado de decomposição, foi encontrado apenas no domingo (28) em Guararema. A mãe fez o reconhecimento no dia seguinte, no Instituto Médico Legal (IML) de Mogi das Cruzes, com base na cor do esmalte e em uma tornozeleira.
O corpo da jovem é enterrado no Cemitério da Saudade, em Brás Cubas, sob cerimônia acompanha por centenas de pessoas, no final da tarde de segunda-feira (29).
Na terça-feira, dia 30 de outubro, a polícia dá a primeira entrevista coletiva do caso. Diz que está prestes a elucidar o crime .
31 de outubro
- No começo da madrugada, a polícia vai até a casa de Michel Flor da Silva, em Guararema, o principal suspeito do crime
- Ele está no trabalho, mas vai até a casa depois de uma ligação de sua esposa. Chegando lá, os investigadores pedem uma caneta a ele e ele entrega uma igual à caneta verde, com detalhes na corta prata e o nome de uma construtora que a polícia encontrou no local em que o corpo foi encontrado.
- Ele começa a depor à polícia, entra em contradições e acaba confessando o crime, segundo a polícia
- Ele é preso e encaminhado ao CDP de Mogi das Cruzes
- O delegado do Setor de Homicídios, Rubens José Ângelo, e o seccional de Mogi das Cruzes, Jair Barbosa Ortiz, dão uma entrevista coletiva
- Delegado divulga que Michel deixou o terminal rodoviário com a intenção de fazer sexo com Rayane, de forma consensual ou não
- Para chegar até ele, a polícia rastreou o celular da vítima, utilizou imagens de câmera de monitoramento e colheu depoimentos
- Segundo a polícia, Michel diz que fez sexo consensual com a Rayane, no km 170 da Presidente Dutra, mas depois ela se arrependeu, disse que iria denunciá-lo à polícia, e chuta a perna dele. Neste momento, ele dá um golpe mata-leão nela
- Ele joga o celular dela neste local e leva ela para desovar em uma área de mata da Avenida Francisco Lerário, em Guararema. Lá, percebe que ela ainda está viva e decida asfixiá-la com o cadarço da bota que a jovem usava
- Polícia divulga que Michel será indiciado pelos crimes de estupro e homicídio quatruplamente qualificado: motivo torpe, impedir defesa da vítima, asfixia e por ocultar a vantagem de outro crime, que seria o estupro.