Familiares do estudante Diogo Belentani, morto com um tiro disparado pela arma do ex-PM Vinícius Coradim, condenado a nove anos e seis meses de prisão por homicídio culposo, fraude processual e disparo de arma-de-fogo, usaram a rede social para fazer um desabafo e comentar, por meio de nota pública, sobre a decisão do júri, realizado nesta quarta-feira em Araçatuba. Eles iniciam a nota afirmando que respeitam, mas não comemoram e nem concordam com a sentença que condenou o PM, que era amigo da vítima e ambos participavam de um churrasco no dia do crime.
Coradim havia sido denunciado pelo Ministério Público pelo crime de homicídio doloso (quando há intenção de matar). Mas ele foi absolvido do crime de homicídio doloso e condenado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), sob a tese de que o tiro foi disparado acidentalmente. Dos sete jurados, quatro entenderam que o crime foi culposo e três, doloso. Se fosse condenado conforme denúncia feito pelo MP, Coradim poderia pegar até 38 anos de prisão.
Ele foi condenado há nove anos e seis meses e como já cumpriu um ano e quatro meses em regime fechado, já poderá cumprir o restante da pena em regime semi-aberto. Ele estava detido no presídio para militares Romão Gomes, na capital paulista. Veja a íntegra da nota postada no perfil do irmão de Diogo, o advogado Rodolfo Paccagnella Belentani:
“Nota pública da família de Diogo Belentani a respeito do resultado do Júri Popular realizado em 07 de novembro de 2018:
Respeitamos o resultado emanado do Tribunal do Júri, pois este é soberano. Entretanto, não o comemoramos nem concordamos com ele.
No nosso entendimento (bem como o da Polícia Civil e do Ministério Público), o que houve no dia 15 de julho de 2017 não foi um acidente como a defesa pregou veemente em seus debates, com cenas teatrais e distorção da realidade, mas sim um assassinato a sangue frio, cometido por um indivíduo incapaz de demonstrar qualquer arrependimento por seu ato.
A atitude explosiva do réu, que tirou a vida de Diogo Belentani, não foi um comportamento único e isolado, mas sim recorrente, como todas as provas dos autos, inclusive vídeos, demonstraram.
Os jurados acreditam que fizeram justiça ao desclassificar o crime de homicídio doloso para culposo e ao ouvirem que a pena do réu será de 9 anos e 6 meses – já fixada no regime semiaberto.
Porém, esqueceram-se que, com a progressão de pena, em pouquíssimo tempo o réu estará novamente nas ruas, com sua personalidade agressiva e perigosa (o que inclusive elevou sua pena além do máximo no crime de homicídio culposo) e suas recorrentes e temerosas explosões de raiva.
Tanto é verdade que em breve o réu estará livre que sua família, sempre desrespeitosa com a dor da família da vítima, comemorou com gritos e aplausos quando o advogado do réu, numa postura extremamente antiética, vociferou que os jurados desclassificaram o crime de homicídio doloso para a modalidade culposa, antes do juiz proferir o resultado.
Agradecemos profundamente àqueles que respeitam e compartilham nossa dor, e se mantiveram ao nosso lado o tempo todo. Agradecemos também ao Ministério Público, que lutou para trazer Justiça ao caso, trabalhando de forma ética e sempre respeitando a lei. Perder Diogo é uma dor imensurável. A maior perda, no entanto, será enfrentada pela sociedade, ao punir da forma mais branda possível um assassino que, para o nosso temor, muito em breve, estará nas ruas.”