A Polícia Militar apreendeu armamento de guerra com parte da quadrilha envolvida no ataque a empresa de valores Brink’s na madrugada desta segunda-feira (29), em Ribeirão Preto (SP). Segundo o coronel da Polícia Militar Carlos Alberto Machado, dois fuzis, um AK-47, de fabricação russa, e um Colt M4, americano, estavam com dois olheiros do grupo – um deles foi baleado e morto no confronto que durou cerca de duas horas.
De acordo com a Polícia Militar, o homem morto a tiros é Fabio Donner Silva Martins, de 32 anos. Natural de Uberlândia (MG), ele tinha passagens por roubo de caixas eletrônicos. Um dos crimes foi praticado em Goiás, em 2015.
Outros dois homens foram presos no viaduto da Rua Guadalajara, próximo à Avenida Henri Nestlé, por suspeita de integrar a quadrilha. Eles serão investigados.
A polícia informou que um segundo homem, que fazia dupla com Martins, foi baleado, mas acabou socorrido pelos comparsas e conseguiu escapar. Uma sacola deixada para trás guardava munição, armas e máscaras antigás. Eles integravam uma célula, responsável por dar suporte à ação dos criminosos dentro da empresa e bloquear a aproximação da polícia.
“Com o homem alvejado foi apreendida farta munição de fuzil, calibres nove milímetro, metralhadora ponto 50, capacete balístico, toca ninja, miguelitos para furar pneus das viaturas e colete balístico”, diz Machado.
Segundo o coronel da PM, as informações colhidas até agora vão auxiliar a investigação da Polícia Civil.
“A partir do alvejado e dos dois presos, nós podemos rastrear para ver as passagens policiais anteriores com esse mesmo mote, com o mesmo modus operandi, como também a origem desses carros, que são roubados. A Polícia Civil também participou dessa coleta de dados de informações”, afirma.
Na fuga, dez veículos, um deles com material explosivo, foram abandonados pela quadrilha na região de Serra Azul (SP). O grupo ainda trocou tiros com policiais que estavam em uma viatura pela Rodovia Abrão Assed.
Os carros, todos blindados e sem placas, são preservados para o trabalho da polícia técnica, que busca materiais genéticos para tentar identificar os suspeitos.
Outros dois caminhões foram deixados pela quadrilha em ruas ao redor da empresa em Ribeirão Preto, que fica na Augusto Bianchi. Um deles também levava emulsão usada para as explosões. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi chamado para retirar o material.
Nove veículos foram incendiados pela quadrilha ao longo da Avenida Castelo Branco e das ruas Niterói e Guadalajara, para evitar a aproximação dos policiais.
Ataque com 50 homens
A polícia estima que 50 homens tenham participado do ataque na madrugada desta segunda-feira. As primeiras explosões foram registradas por volta das 3h. A quadrilha rendeu o frentista de um posto de combustível vizinho da empresa de transporte de valores, que foi mantido refém durante toda a ação. Em seguida, os ladrões iniciaram as detonações.
Relatos de moradores dão conta que foram cerca de nove explosões. A PM informou que o grupo explodiu o muro entre o posto de combustível e a Brink’s. Em seguida, os carros-fortes estacionados no pátio também foram detonados. O muro da empresa ficou destruído.
Os barulhos das explosões foram ouvidos em diferentes regiões da cidade, como Vila Tibério, Vila Seixas, Centro, Jardim Paulista e Jardim Nova Aliança. Uma intensa troca de tiros aconteceu entre a PM e os ladrões, que estavam espalhados pelas ruas do bairro Lagoinha.
Os PMs tiveram dificuldade em avançar com o cerco pelas ruas nas imediações, uma vez que a quadrilha armada com fuzis se dividiu em pequenos grupos para impedir a aproximação. Apesar da chegada da PM ao local, os criminosos ainda fizeram mais quatro explosões.
Por causa das eleições, todo o efetivo da PM estava escalado para atuar até às 4h30 desta segunda-feira, em razão de possíveis manifestações. Os estudos de crimes com características semelhantes registrados anteriormente permitiu à polícia traçar uma estratégia de modo a evitar o sucesso da ação da quadrilha. Em 2016, um grupo levou R$ 50 milhões após explodir a Prosegur, no bairro Campos Elíseos.
A colaboração de moradores com informações sobre a atuação dos criminosos também ajudou a polícia a planejar a ação.
Em nota, a Brink’s informou que está à disposição das autoridades para eventuais esclarecimentos dos fatos. “A empresa reforça ainda que os colaboradores já receberam a devida assistência e passam bem.”