O mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, 63 anos, que foi morto em Salvador, na madrugada desta segunda-feira (8) foi esfaqueado, segundo apontou a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), após dizer ao suspeito do crime, identificado como Paulo Sérgio Ferreira de Santana, que era contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL). Paulo Sérgio está preso em Salvador. Sob muita comoção, a vítima foi enterrada na tarde desta segunda-feira, na capital baiana.
O irmão do mestre de capoeira detalhou, durante o velório da vítima, que estava presente no momento do crime e que a confusão teve início após o agressor ter ficado irritado ao perceber que Romualdo criticava o candidato à presidência Jair Bolsonaro. Ainda segundo o alfaiate Reginaldo Rosário, de 68 anos, após a discussão, o suspeito chegou a sair do local, mas retornou cerca de 10 minutos depois com uma faca e matou o irmão dele.
Em coletiva realizada na tarde desta segunda, o governador reeleito da Bahia, Rui Costa, disse que pediu uma apuração rigorosa da polícia sobre o caso. “Eu pedi prioridade absoluta para elucidar esse crime, e eu espero que o segundo turno seja da paz e de respeito de opiniões”, afirmou.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), tudo aconteceu em um bar da localidade do Dique Pequeno, que fica no Engenho Velho de Brotas, quando a vítima se mostrou contrária à posição política do suspeito, que se aproximou do grupo em que ele estava para dizer que era eleitor de Bolsonaro.
Ainda segundo informações da SSP, o suspeito, que tem 36 anos, reagiu com violência após ouvir o mestre de capoeira afirmar que o grupo com o qual ele estava votava no PT. Em seguida, Paulo saiu do bar e foi em casa, onde pegou uma faca do tipo peixeira e depois retornou para o local onde Moa estava e esfaqueou o capoeirista.
“Quando ele [o suspeito] chegou, a gente já tava lá conversando. A gente falava da preocupação com a possível eleição de Bolsonaro porque somos pobres, pretos e ele não nos representa. Meu irmão defendia um governo melhor e ele não gostou”, contou o irmão do mestre de capoeira.
Um outro homem que estava no local da confusão, identificado como Germínio do Amor Divino Pereira, de 51 anos, que é primo de Moa, foi atingido no braço e levado para o Hospital Geral do Estado (HGE). Ele ainda está internado, mas o estado de saúde deles não foi divulgado.
“Ele tava sozinho. Saiu e dez minutos depois voltou com a faca. Não deu pra ninguém ajudar o meu irmão, porque foi muito rápido. Ele chegou de uma vez e já foi esfaqueando ele. Ninguém esperava. O nosso primo ainda estou se meter mas acabou esfaqueado também”, disse o irmão da vítima.
O suspeito fugiu por um beco, mas foi preso pela Polícia Militar logo após o crime. Os PMs foram acionados por testemunhas. Na busca, os policiais avistaram um rastro de sangue que levava até uma casa. Ao entrarem no imóvel, eles encontraram o suspeito escondido no banheiro. Conforme relatou a PM, o homem já estava com uma mochila, no intuito de fugir.
O autor do crime também foi levado para o HGE para ser medicado, pois estava com um corte no dedo, e depois apresentado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo a polícia, Paulo Sérgio confessou o crime, e, em depoimento, afirmou que ele entrou em luta corporal com o mestre de capoeira antes dele esfaquear a vítima. “Ele [Paulo Sérgio] disse que no momento em que ele voltou para o bar, ele se embolou com a vítima. As testemunhas não confirmam essa versão. Inicialmente, eles discutiram por divergência política”, disse a delegada Milena Calmon, que investiga o caso.
Ainda conforme a polícia, o suspeito ainda disse que foi xingado e que estava consumindo bebida alcoólica desde o início da manhã de domingo. A polícia informou que ele disse que estava arrependido de ter cometido o crime.
“Vamos ouvir outras testemunhas que nos ajudarão a esclarecer totalmente o caso”, informou Milena Calmon. A polícia informou que Paulo tinha envolvimento com outros dois casos de discussões, em 2009 e 2014, mas não detalhou as situações.