São Paulo registra mais de dois casos de ataques de escorpião por hora e o número vem crescendo. São 11,5 mil casos este ano, ante 21,7 mil em 2017, 18.829 em 2016 e 15.107 em 2015. Os números crescem desde 2011, quando houve 7.017 ataques.
Conforme informa o portal Terra, a morte mais recente neste ano foi de Yasmin Lemos de Campos, de 4 anos, enterrada nesta quarta-feira em Cabrália Paulista.
Yasmin foi picada quando brincava no quintal, por volta das 11 horas de terça-feira (10), e acabou morrendo horas depois em Bauru. A dificuldade em encontrar o soro para o veneno foi um dos problemas.
Encaminhada inicialmente para um posto de saúde, de lá a menina foi transferida para o hospital de Duartina, município a 10 quilômetros de distância. O estabelecimento, porém, também não tinha soro. Yasmin acabou levada de ambulância para Bauru, em uma viagem de 50 quilômetros.
O soro antiescorpiônico foi ministrado às 14h10 na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Bela Vista, mais de três horas depois da picada. A criança não resistiu e acabou morrendo. “Foi tudo muito demorado. Eles ligaram para Cabrália mandar uma ambulância. Isso não está certo”, disse Letícia Lemos, mãe da criança.
Outras crianças já perderam a vida em casos semelhantes neste ano. Em Sumaré um menino morreu no último sábado, seis dias após ser picado. Em abril, outro garoto, de 6 anos, foi vítima em Barra Bonita. Sem soro na cidade, teve de ser mandado para o hospital de Jaú.
A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que em 2018 já foram registrados 11,5 mil casos de ataques de escorpião no Estado. E destacou que apenas redistribui o soro antiescorpiônico, sendo a aquisição e a distribuição de responsabilidade do Ministério da Saúde.
O Estado afirma ainda que “o envio de ampolas a São Paulo continua ocorrendo de forma irregular”. A necessidade é de 650 ampolas por mês, mas em julho, por exemplo, recebeu apenas 126 ampolas.
Já o ministério dá outros números e diz que em julho São Paulo recebeu 350 doses. E frisa que os Estados “são responsáveis por fazer a distribuição”, podendo remanejar “de uma cidade para outra”.
Para Rogério Bertani, pesquisador do Instituto Butantã, o aumento no número de acidentes com escorpiões está relacionado ao avanço do desmatamento e à capacidade de adaptação do animal.
“O escorpião se urbanizou, se acostumou a viver ao redor do homem, principalmente nas periferias dos municípios. O escorpião amarelo, por exemplo, pode se reproduzir sem a necessidade do macho”.