Organização Mundial da Saúde (OMS) quer erradicar o uso desse ingrediente em todo o mundo; no Brasil, Anvisa avalia restringir o uso de gordura de trans em alimentos industrializados
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta semana um plano para livrar os alimentos da gordura trans em todo o mundo, até 2023. Produzida industrialmente por meio da saturação de óleos usando hidrogênio, o ingrediente está associado ao aumento do colesterol “ruim” (LDL), que pode levar a doenças cardiovasculares, AVC (acidente vascular cerebral) e diabetes tipo 2. A gordura trans é utilizada principalmente para produzir salgadinhos, alimentos assados e frituras.
O que pode até parecer ser bom, principalmente para a indústria alimentícia, uma vez que a gordura trans, além de garantir textura e crocância a certos alimentos, também aumenta o prazo de validade dos produtos, pode ser fatal para quem a consome.
Isso porque, de acordo com a OMS, quem ingere em excesso alimentos com gordura trans aumenta em 21% o risco de doenças cardíacas, e as mortes, em 28%. Tal medida, caso realmente seja colocada em prática até 2023, pode salvar 10 milhões de vidas.
“A implementação do plano (da OMS) ajuda a alcançar a eliminação da gordura trans e representa uma importante vitória na luta global contra as doenças cardiovasculares”, afirma o médico cardiologista Flávio Salatino.
Vários países ricos já eliminaram virtualmente as gorduras trans estabelecendo limites às quantidades permitidas em alimentos industrializados.
Alguns proibiram óleos parcialmente hidrogenados, a principal fonte de gorduras trans produzidas industrialmente, afirma a OMS. Outros proibiram de vez o uso desse ingrediente, como os Estados Unidos. A partir de junho deste ano, o país não permitirá o uso de gordura de trans na produção de alimentos.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) abriu um processo para aumentar a restrição ao uso de gordura de trans em alimentos industrializados e avalia até proibi-los. A ideia é estudar modelos para reduzir a presença desse tipo de gordura.
Ações
Entre as ações que o plano da OMS prevê para acabar com o uso de gorduras trans, está a criação de leis e ações regulatórias e de conscientização sobre o impacto negativo na saúde das gorduras trans entre formuladores de políticas, produtores, fornecedores e o público.
“Substituir as gorduras trans por alternativas mais saudáveis e legislar contra ingredientes nocivos representa uma grande vitória contra as doenças cardíacas. A gordura trans é um produto químico tóxico desnecessário, que mata, e não há motivo para pessoas de todo o mundo continuarem sendo expostas“, conclui Flávio Salatino.