O Instituto Apoio Social (IAS), de Araçatuba, realizou nesse sábado (5) a palestra “Deficiência e inclusão – Considerações sobre o Autismo”, com a Mestre em Psicologia e docente da AEMS (Faculdades Integradas de Três Lagoas), Juliana Barros.
O evento, que faz parte do calendário anual do IAS, ocorreu no anfiteatro da Unip de Araçatuba. A parceria entre IAS e Unip existe desde 2003. Para participar, os interessados levaram um quilo de alimento não perecível, que será doado a uma entidade beneficente de Araçatuba.
Segundo Juliana, a palestra teve como objetivo apresentar a pais e educadores um panorama geral sobre todas as deficiências, incluindo o autismo.
O autismo é considerado um transtorno global de desenvolvimento que afeta três áreas: a interação social, problemas no desenvolvimento da linguagem e nos processos de comunicação.
Segundo estudos, o autismo surge quando algumas áreas do cérebro não se formam corretamente, o que gera dificuldades de comunicação, de interação social e comportamentos repetitivos e estereotipados.
“Esses são os principais sintomas que usamos para fazer o diagnóstico do autismo. Isso porque ainda não existe nenhum exame capaz de diagnosticar se a criança é ou não autista”, completa Juliana.
A palestrante explica ainda que o tratamento deve ocorrer com o auxílio e a orientação de uma equipe multidisciplinar.
“A fonoaudióloga trabalhando a questão da linguagem, a psicóloga trabalhando com as questões psíquicas e de socialização, e, no caso de dificuldade de aprendizado, entra o trabalho da psicopedagoga ou terapeuta ocupacional. Enfim, vai depender muito de quais as dificuldades que o paciente apresenta. Antes de ele (paciente) ser autista, trata-se de uma criança e cada qual tem a sua especificidade”, explica.
Desafios para pais e educadores
A mestre em psicologia diz que, atualmente, o grande desafio para os pais e, principalmente educadores que lidam com crianças autistas, é o de entender, pelo menos um pouco, como “funciona esse mundo do autismo”. Isso porque, afirma Juliana Barros, o autista tem alguns comportamentos, como a forma de ver e e estar no mundo, diferentemente dos chamados neurotípicos, ou seja, que não estão no espectro do autismo.
“Falta ainda esclarecimento sobre o assunto. Infelizmente, alguns pais têm dificuldades em aceitar o diagnóstico, que precisa ser feito o mais rapidamente possível. Já para os educadores, o grande desafio diário é a questão da inclusão – como incluir uma criança com autismo dentro de uma sala de aula com outros 20, 30 alunos, evitando que ela seja alvo de preconceito, uma vez que ele (preconceito) existe. Isso porque tudo aquilo que difere do dito “padrão” é visto algumas vezes com um olhar de desconfiança, de discriminação, então há ainda um certo preconceito, que, aos poucos, tem diminuído”.
Números
Atualmente, estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo possuam algum tipo de autismo – leve, moderado e severo –, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com relação ao Brasil, esse número chega a cerca de 2 milhões.
Pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) diz que o autismo atinge ambos os sexos e todas as etnias, porém o número de ocorrências é maior entre os homens (cerca de 4,5 vezes o número de mulheres).