Dias após a desocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por meio de ordem judicial de reintegração de posse, Edward Gonçalves Fernandes, o administrador da Fazenda Santa Cecília, do polêmico empresário Oscar Maroni Filho, faz graves acusações de dano e furto na propriedade, incluindo até o arrombamento de um cofre. A reportagem do Regional Press conversou, por telefone, com o empresário, que não se intimida e diz que o movimento foi totalmente político, tendo como um dos fatos, a represália por ele ter distribuído 9 mil latas de cerveja em frente à sua casa noturna na capital Paulista, o Bahamas, em comemoração à prisão do ex-presidente Lula.
Edward recebeu a reportagem do Regional Press para mostrar a situação em que ficou a fazenda, dois dias após a saída dos invasores. Ele começou mostrando os muros da entrada e paredes externas do escritório, com pichações em favor de Lula e contra Maroni, com insinuações em relação a casa de shows que o empresário mantém em São Paulo.
No interior do escritório, todos os sensores de presença e câmeras de monitoramento do sistema de segurança estavam danificadas. Parte de documentações estavam espalhadas e um cofre onde havia documentos e recibos da frota de veículos da propriedade foi arrombado.
No almoxarifado do pátio de veículos pesados mais estragos. Um painel de ferramentas estava vazio, e o administrador Edward Fernandes disse que todo o material desapareceu após a desocupação. Segundo ele, também desapareceram alguns galões de óleos lubrificantes, e outros foram abertos e esparramados pelo chão. Mais documentos de controle de materiais foram esparramados neste setor da fazenda.
Os sensores de presença do sistema de alarmes também estavam danificados, e no chão e nas paredes havia marcas de pichações com as letras MST. Fernandes disse ainda que sumiram cinco baterias de veículos como caminhões e tratores, sendo que custam em média R$ 5 mil. O administrador relacionou entre os danos deixados após a desocupação, a queima de 50 dúzias de lascas de aroeira, sendo que cada lasca é avaliada, segundo ele, em R$ 50, além de dezenas de telhas de fibrocimento.
OSCAR MARONI
O proprietário da fazenda, Oscar Maroni, disse que esta é a sexta invasão e desta vez a motivação foi retaliação política, pelo fato dele ter distribuído 9 mil latas de cerveja no dia em que o ex-presidente Lula se entregou à Polícia Federal. Maroni revelou que achou muito estranho o fato de, neste dia, terem derrubado simultaneamente suas contas das redes sociais Facebook, Instagram e Youtube. “Eu estava com mais de 400 mil visualizações em meus canais, de repente caiu tudo. Não é estranho?”, questionou o empresário.
No entanto, Maroni, afirma que fez seu movimento contra a corrupção e que não são as invasões em sua fazenda que “vão calar sua boca”. Ele ainda afirma que tem cinco empresas, todas lícitas, apesar dos comentários em relação a casa noturna Bahamas, que também é lícita e bem frequentada na capital paulista. São empresas que geram renda, emprego e tributos.
MST
Um dos líderes do MST, Ricardo Barbosa, disse que esta sexta invasão na fazenda Santa Cecília teve como objetivo chamar a atenção das autoridades, principalmente do judiciário, com relação a reforma agrária, além de dar destaque ao movimento Lula Livre e cobrar a Justiça agilidade no caso Marielle Franco, a vereadora executada no Rio de Janeiro.
O líder ainda faz insinuações com relação a fazenda Santa Cecília ter indícios de que fora comprada com dinheiro ilícito, se referindo à relação de Maroni com o Bahamas Club.
Sobre as acusações de furto e dano na fazenda, a reportagem do Regional Press entrou em contato com a assessoria de imprensa do MST, que ficou de enviar uma resposta mas não manteve mais contato até a data e horário combinado.