O médico neurologista Sérgio Irikura ministrou hoje (9) palestra no teatro da Unip, em Araçatuba (SP), sobre “Dependência Química e a Rede de Atendimento”. O evento foi o último deste ano desenvolvido pelo o Instituto Apoio Social (IAS), em parceria com a universidade. A ação contou também com a participação do Sest/Senat.
Na palestra, Sérgio Irikura mostrou aos presentes que a dependência química, infelizmente, ainda é vista como um problema pessoal, quando, na verdade, é muito mais grave do que isso. “A sociedade a encara (a dependência química) com discriminação. Entende que foi ele (dependente químico) que optou estar assim. E, por isso, acaba discriminando”, completou Irikura.
REDE DE ATENDIMENTO
Para o médico, a discriminação da sociedade e também da família é prejudicial e pode interferir na recuperação do dependente químico. “Quando há discriminação, o dependente se isola e isso dificulta o trabalho de recuperação e mantém o ciclo vicioso”, explicou. Segundo Irikura, a dependência química é um problema de saúde pública. Por isso, a importância da existência de uma rede atendimento.
Hoje, conforme o neurologista, Araçatuba oferece ferramentas que podem ajudar na recuperação do dependente químico. Entre elas o CAPs AD (Centro de Atendimento Psicossocial “Benedita Fernandes” – Álcool e Outras Drogas), que já atendeu 843 pessoas.
Para o médico, esse trabalho pode começar, por exemplo, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou com as equipes do Programa Saúde da Família. “É o que chamamos de trabalho de prevenção. Quando ele ocorre é possível reduzir, por exemplo, gastos futuros. No entanto, a prevenção no Brasil ainda não ocorre como deveria”, disse Irikura.
E os números mostram que o trabalho de prevenção não é bem aplicado no país. Entre os anos de 2005 e 2015, segundo o Ministério da Saúde, foram realizadas mais de 600 mil internações na rede pública de saúde pelo uso de substâncias ilícitas. Somados, esses atendimentos custaram aos cofres públicos quase R$ 8 bilhões. Quando corrigimos esse valor pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atualmente a quantia supera os R$ 9 bilhões.
O álcool ainda é a droga mais consumida e a porta de entrada para o consumo de outras drogas, como a maconha e o crack. O médico explicou que a internação nunca deve ser a primeira medida a ser tomada para tentar ajudar o dependente químico. “Não é a internação que vai curá-lo. Ela só vai apresentar resultado positivo quando ocorrer por vontade própria do dependente. A dependência é uma doença”, completou o médico.
Para associada-fundadora do Instituto Apoio Social (IAS), Silvia Niwa, o ano de 2017 foi produtivo. “Nós tivemos um incremento de participação, trouxemos novos palestrantes e focamos muito a prática neste ano”, disse. Ainda, segundo Silvia, as atividades serão retomadas em março de 2018.
O Instituo Apoio Social (IAS), de Araçatuba, atua desde 2006 nas áreas da educação, assistência social e saúde. Já em 2007, conquistou a qualificação de Organização Social.
O IAS desenvolve projetos, programas, cursos, seminários, oficinas, capacitações e palestras. Beneficiando ao longo de sua história em torno de 50 mil pessoas, entre crianças, adolescentes, jovens, adultos e crianças.