O presidente da Câmara dos Vereadores de Valparaíso, João Pedro Dávila, está com a notificação em mãos para entregar ao prefeito Roni Ferrareze, informando oficialmente que o Legislativo acatou a denúncia apresentada pelo empresário e ex-secretário municipal Edson Jardim Rosa (Edinho) e constituiu uma comissão que vai apurar os fatos. O prazo para a entrega é de cinco dias (termina na segunda-feira) e nesta quinta-feira o vereador não havia conseguido localizar o prefeito.
A comissão tem um prazo de 90 dias para concluir os trabalhos e apurar o teor da denúncia. O prazo para citar o prefeito é de cinco dias, depois ele tem 10 dias para apresentar defesa. De acordo como presidente do Legislativo, caso não encontre o prefeito dentro do prazo, será feita publicação oficial durante três dias, e o prefeito será considerado notificado.
O secretário municipal de Negócios Jurídicos de Valparaíso, Agostinho Barbosa Neto, disse que tanto ele quanto o prefeito encaram com naturalidade o recebimento da denúncia, e isso inclusive é um fator positivo porque dará a oportunidade do prefeito expor realmente a veracidade dos fatos podendo se defender e mostrar que não cometeu nenhuma irregularidade.
A denúncia feita por Edinho, apresentada com áudios gravados por ele, acusa o prefeito e o chefe de gabinete, Gustavo Tonani, de oferecer vantagens para que ele deixe a prefeitura e participe de licitações por meio de empresas. O diálogo também traz conversas em que ambos falam em lucros na intermediação na venda de frangos. Em um dos trechos, um áudio que, segundo o denunciante seria do chefe de gabinete, ele fala de suas intenções de montar uma empresa para prestar serviços ao município, e deixar o cargo.
O prefeito, em entrevista ao Regional Press, afirmou que os áudios divulgados pelo denunciante não estão na íntegra, e trechos de conversas foram interpretados fora do contexto real do diálogo, sendo que seria pelo fato de Edinho ser empresário, e estar deixando os negócios próprios por uma renda menor na prefeitura, já que ele não estaria satisfeito no cargo. Ele também justifica que existem fatores políticos por trás da denúncia, uma vez que o denunciante, até pouco tempo, era seu aliado e de repente fez a denúncia e passou a ser aliado de seu vice, com quem está rompido desde o primeiro semestre.
EXONERAÇÕES
O secretário de Negócios Jurídicos da prefeitura confirmou na manhã desta sexta-feira que o secretário municipal de Saúde, Fernando Lucas Pereira, realmente deixou o cargo. O motivo foi particular, para que ele reassumisse o cargo efetivo de técnico em informática na Prefeitura de Rubiácea.
Barbosa Neto explicou que foi uma grande perda para Valparaíso, porque em menos de um ano o secretário conseguiu aumentar as consultas médicas de 1 mil para 3 mil/mês, conseguiu contratar mais seis especialistas e articulou com o prefeito aumento de subvenção para Santa Casa, de R$ 120 mil para R$ 300 mil/mês.
Ele teve que reassumir o cargo em Rubiácea, onde é concursado, porque a lei que ele havia se baseado para pedir seu afastamento sem remuneração é de 1967 e estava revogada desde 1997, porém, quando ele pediu o afastamento, o procedimento foi aceito e na época os responsáveis não se atentaram a revogação da lei. Houve denúncia no Ministério Público de Guararapes que recomendou a volta de Pereira ao cargo efetivo, o que motivou sua saída de Valparaíso.
Com relação ao chefe de gabinete citado na denúncia, há rumores nos bastidores políticos da cidade de que Gustavo Tonani poderia pedir exoneração nesta sexta-feira, mas até o final da manhã não havia sido confirmada a informação que corria em áudios em rede social desde a noite desta quinta-feira. Durante a manhã ele trabalhou normalmente.