Referência do SUS (Sistema Único de Saúde) em Urgência e Emergência para 40 municípios da região, a Santa Casa de Araçatuba dará prioridade à queixa principal dos pacientes e não mais aos sinais e sintomas para assim poder classificar o tempo em que a pessoa poderá esperar pelo atendimento médico.
Esse novo protocolo que está sendo implantado pela instituição faz parte da classificação de risco pelo Protocolo Internacional de Manchester, utilizado mundialmente. O documento possui 69 fluxogramas que serão seguidos pelo classificador do atendimento, que é sempre um enfermeiro. “Um exemplo. O paciente dá entrada ao hospital e reclama de mal-estar para o classificador. Então o enfermeiro vai ver no fluxograma qual o tempo de espera para esse tipo de queixa”, explicou a enfermeira Fernanda Contardi, Gestora de Serviços Médicos.
Até então, a classificação de risco no Pronto-Socorro da Santa Casa era feita por meio dos sinais vitais avaliados e sintomas do atendido. Segundo a gestora, hoje o paciente que chega à Unidade de Urgência e Emergência com reclamação de mal-estar tem primeiro a pressão arterial verificada. Se, teoricamente, a pressão está mais elevada, o paciente já entra para a sala de emergência e segue um fluxo. “Às vezes, a causa principal da vinda dele não era a pressão, mas um vômito ou cefaleia. Alguma outra discussão que colocaria ele em um atendimento mais rápido”, salientou.
O protocolo de classificação de risco que a Santa Casa de Araçatuba vai implantar possui cinco cores com seu limite de tempo especificado: vermelho (imediato), laranja (até dez minutos), amarelo (até uma hora), verde (até duas horas) e azul (até quatro horas). “O paciente vai chegar e tem até dez minutos para ser atendido pelo classificador. E depois de classificada tem esses tempos para atendimento. Isso vai ajudar a viabilizar com que o paciente mais grave tenha atendimento mais rápido”, explica o médico Sérgio Smolentzov , diretor técnico da Santa Casa de Araçatuba, ao lembrar que o hospital vai promover uma campanha de conscientização da população sobre essa mudança no Pronto-Socorro.
O coordenador médico do Serviço de Urgência e Emergência da Santa Casa de Araçatuba, Giulio Coscina ressalta que o novo protocolo agrega maior segurança ao público e aos socorristas. “Vai ter uma classificação mais coerente, uma mudança de costume e de paradigma e que funciona em muitos países.”
HABILITAÇÃO
A Santa Casa optou pela mudança de classificação de risco por ser habilitada dentro de uma rede de urgência e emergência do Ministério da Saúde, que também está sendo discutida pela Secretaria de Estado da Saúde. Essa rede exige a classificação de risco com o protocolo de Manchester. “Os profissionais já fizeram o curso e estão habilitados”, informa Coscina.
Após a habilitação, a Unidade de Urgência e Emergência foi readequada em sua área física e de pessoal. A direção do hospital já “investiu R$ 40 mil na capacitação de 20 enfermeiras contratadas para atuar como classificadoras de risco”, informa o provedor da Santa Casa, Jaime Monçalvarga. A Unidade terá um classificador 24 horas por dia. Hoje são nove e com o novo protocolo o setor terá 25 profissionais da área.
O Serviço de Urgência e Emergência da Santa Casa de Araçatuba oferece atendimento médico com dois profissionais clínicos mais um pediatra, das 7h às 19h. Conta ainda com um residente de pediatria e um residente de clínica nesse período. No período noturno são dois médicos clínicos que fazem também atendimento de pediatria. O Serviço dispõe também de 16 especialistas que podem ser chamados à qualquer momento para avaliar pacientes.
SERVIÇO AVANÇADO
A Unidade de Urgência e Emergência da Santa Casa de Araçatuba é um serviço avançado e capacitado para receber casos em que o paciente corre risco de morrer. Todo o atendimento do pronto-socorro é baseado na pactuação de convênios que a Santa Casa possui, como o SUS (Sistema Único de Saúde), que estabelece esse serviço como sendo um atendimento de alta complexidade direcionado aos casos em que a estrutura de saúde pública de seus municípios de origem não conseguiu resolver.
Os pacientes da rede SUS de Araçatuba são atendidos somente através de encaminhamentos feitos por prontos-socorros municipais, SAMU (Serviço Móvel de Urgência) e Resgate. Já aqueles que moram nos municípios da região dão entrada ao serviço por meio da Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde). Esse órgão é responsável por avaliar os casos e organizar a vinda dos pacientes.
Mesmo sendo um serviço referenciado, a unidade recebe fluxo expressivo de pessoas. A média anual é de 47 mil atendimentos, sendo mais da metade, por meio do SUS. Araçatuba gera em torno de 60% da demanda do SUS atendida pela Unidade.
A unidade se destaca pela prática de condutas e normas socorristas, como, por exemplo, o acolhimento dos pacientes sob a classificação de risco por meio de cores.
Reestruturada há um ano, a Unidade ganhou uma nova sala de emergência, o que ampliou a oferta de atendimento ao doente grave. Além desse investimento, uma reforma realizada no subsolo trouxe para o entorno da Unidade de Urgência e Emergência os serviços que dão suporte aos atendimentos emergenciais: Unidade de Diagnóstico Por Imagem e o Serviço de Ortopedia.
A estrutura também dispõe de equipe cirúrgica 24 horas, 42 leitos em UTIs (Unidades de Terapias Intensivas) especializadas para adultos, neonatos e crianças e 20 leitos para cuidados intermediários para adultos e neonatos. Conta ainda com leitos em enfermarias convencionais e em serviços que realizam tratamento nas especialidades de Cardiologia Clínica; Cirurgia Cardiovascular; Cirurgia Torácica; Ortopedia; Clínica e Cirurgia Geral; Neurologia e Neurocirurgia; Obstetrícia de Alto Risco e Pediatria.
Existem, além de todo esse aparato médico, os serviços complementares de Agência Transfusional; Anatomia Patológica e Citopatológica; Medicina Laboratorial e Patológica; Medicina Nuclear; Endoscopia; Fisioterapia e Litrotripsia.