Diante de uma incidência altíssima de prematuridade extrema, a Santa Casa de Araçatuba, que é referência do SUS (Sistema Único de Saúde) em neonatologia de alto risco para 40 municípios da região, tem conseguido obter índices satisfatórios em relação à sobrevida dos prematuros. ASSISTA:
O neonatologista intensivista e pediátrico Anderson Dutra, coordenador técnico do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Araçatuba, núcleo que compreende duas UTIs Neonatal, uma Unidade de Terapia Semi-Intensiva, e Pediatria, ressalta que a taxa de sobrevida dos prematuros atendidos no hospital é comparável aos melhores serviços do mundo.
“Hoje, 90% dos bebês que nascem acima de 28 semanas sobrevivem e estão tendo uma ótima recuperação, sendo que as taxas nacionais giram em torno de 90% acima de 30 semanas”, informa.
O coordenador do Serviço de Neonatalogia explica que tão importante quanto elevar as taxas de sobrevida é conseguir melhorar a taxa de sobrevida sem sequelas e com excelente qualidade de vida dos bebês pós-internação. “ A gente vê a cada dia um número maior de bebês que nasceram muito pequenos e com baixa idade gestacional mas que estão atingindo as várias fases da infância com desenvolvimento normal, com bom rendimento na vida escolar, enfim, sem nenhuma sequela da prematuridade”
Dutra credita os bons resultados a um conjunto de fatores: “apoio da gestão da Santa Casa, que sempre considerou essa área um desafio a ser enfrentado, principalmente pelos déficits orçamentários; e a equipe de profissionais que atua dentro das UTIs, composta de pessoas dedicadas e que valorizam o trabalho em grupo”.
A qualidade no atendimento que nivelou a taxa de sobrevida registrada na Santa Casa de Araçatuba no mesmo patamar dos índices nacionais, também inclui o respaldo de uma rede hospitalar que oferece serviços adjacentes como cirurgia pediátrica, neurologia, fisioterapia, diagnóstico clínico e por imagem, fonoaudiologia, entre outros.
Estas estatísticas ratificam a importância do Serviço de Neonatologia para outra alta complexidade da Santa Casa de Araçatuba: os partos de alto risco (quando mãe ou bebê correm riscos de morte), que só podem ser realizados com a garantia do leito de neonatal.
O Serviço de Neonatologia dispõe de 22 leitos de Terapia Intensiva Neonatal e 12 leitos de Terapia Semi-Intensiva Neonatal. Contudo, ainda há muito que avançar, na opinião de Dutra. Por conta da alta demanda, que ocupa 90% dos leitos das UTIs Neonatal diariamente, o coordenador afirma ser necessário criar uma rede de atenção envolvendo todos os municípios da região. “Poderíamos ter mais apoio de todos os segmentos envolvidos para que o atendimento regional fosse fomentado”, ressaltou.
Segundo o Dutra, a rede seria importante para atuar na conscientização da população em relação à gravidez na adolescência e ao pré-natal das gestantes, por exemplo. Essa atuação pode contribuir com o planejamento familiar e acompanhamento da gestação com, no mínimo, seis consultas com o ginecologista e obstetra.
Dia Mundial da Prematuridade
Por conta de tudo isso, o Serviço de Neonatologia da Santa Casa promove nesta quinta-feira, dia 16, um evento para comemorar o Dia Mundial da Prematuridade, celebrado no dia 17. Com início às 9h, no Anfiteatro, o evento abordará pontos importantes a serem discutidos dentro do assunto. Haverá também um encontro de prematuros atendidos pelo hospital.
O Dia Mundial da Prematuridade foi criado para chamar atenção de um problema que atinge 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo. No Brasil, mais de 12% dos nascimentos acontecem antes da gestação completar 37 semanas. Isso significa que 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, o equivalente a 931 por dia.
Essa data também é conhecida como o Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade, criada em 2009, sendo seguida no Canadá, EUA, Austrália e Portugal. Hoje em dia já é celebrada em mais de 50 países, com o intuito de se pensar em estratégias para diminuir a taxa de prematuridade.