A polícia informou na tarde desta quinta-feira (19) que os corpos das duas crianças encontradas mortas dentro de uma van na Zona Leste de São Paulo, na semana passada, foram identificados.
De acordo com o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), os corpos encontrados na última quinta-feira (12), Dia das Crianças, às 17 horas, no Jardim Lapena, são de Adrielli Mel Porto, a Mel, de 3 anos e 8 meses, e Beatriz Moreira dos Santos, a Bia, de 3 anos e 11 meses.
Os legistas tiveram dificuldades para identificar os corpos, que estavam em estado avançado de decomposição. A identificação dos corpos aconteceu após exame de DNA mitocrondrial.
O DHPP chamou as famílias para que retirem os corpos e comecem os preparativos para os funerais.
As meninas encontradas mortas dentro de um veículo Fiorino de cor branca em uma favela de São Miguel Paulista estavam desaparecidas desde o dia 24 de setembro.
Duplo assassinato é a principal hipótese investigada pela Polícia Civil para a morte de duas meninas encontradas dentro de um carro. O caso foi registrado no 63º Distrito Policial, na Vila Jacuí, e o DHPP investiga o crime.
Investigação
A polícia foi acionada por moradores do Jardim Lapena no dia 12 de outubro. Como era dia das crianças, os vizinhos tinham fechado parte da Rua Call para fazer um churrasco e sentiram um cheiro muito forte vindo de um terreno que estava fechado com placas de alumínio.
Um vizinho pulou o muro e encontrou a Fiorino branca com os dois corpos dentro. O carro é produto de roubo em Guarulhos. O chassi e o número de motor remetem a um veículo que foi roubado na área do 53º Distrito Policial – Parque do Carmo.
O veículo foi levado para o pátio da delegacia do bairro. Nas portas empoeiradas, a polícia localizou marcas de dedos.
Mesmo antes da conclusão do IML, contudo, os vizinhos já desconfiavam que se tratavam de Bia e Mel. Elas desapareceram no dia 24 de setembro, quando brincavam em frente de casa, cerca 150 metros do local onde fos corpos foram encontrados.
Também antes do anúncio de identificação, as mães das crianças estiveram no IML e reconheceram as roupas que as filhas vestiam no dia do desaparecimento. O chinelo de uma das meninas também foi reconhecido.
Apesar do estado dos corpos, a polícia vai tentar identificar se as meninas foram alvo de violência sexual. Segundo a delegada Ana Lucia Lopes Miranda, do DHPP, os vizinhos relatam que não houve nenhuma anormalidade naquele dia.
Além da possibilidade de duplo assassinato, a polícia trabalha a hipótese de acidente. Para a delegada, as meninas podem, por exemplo, ter entrado no veículo para brincar e, em razão de o carro ter uma tranca interna de difícil acesso, ter ficado presas.
“Por enquanto não dá para dizer se foi um crime, se foi acidente. Depende dos laudos para definir o que aconteceu”, disse Ana Lucia Lopes Miranda, do DHPP.
Integrante do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana (Condepe) e coordenador da Comissão da Criança e do Adolescente, o advogado Ariel de Castro Alves defende que, em casos de desaparecimento, as famílias procurem a delegacia para registrar o boletim de ocorrência o quanto antes.
Por ano, 40 mil crianças e adolescentes desaparecem no país. Em São Paulo, a cada 10 desaparecidos, quatro são crianças e adolescentes.
“A maioria das crianças que desaparecem estão em situação de vulnerabilidade social e em periferia. É uma média anual de 8 mi, 9 mil crianças que desaparecem, sendo que 10% são mais casos crônicos, de difícil solução”, afirma Ariel.