A Polícia Federal (PF) precisou prender abusadores de crianças mesmo antes da segunda fase da Operação Glasnost, deflagrada nesta terça-feira (25) em 14 estados para combater o compartilhamento na internet de material pornográfico envolvendo menores.
A informação foi dada pelo delegado federal Flávio Augusto Palma Setti, que coordenou a operação a partir da Superintendência Regional da PF no Paraná.
Durante o monitoramento do site russo onde ocorria a troca de material com pornografia infantil, a investigação localizou casos em que os abusos estavam efetivamente acontecendo — o que levou a PF a tomar medidas drásticas para proteger as vítimas. As intervenções foram realizadas nas cidades de Osasco, Presidente Prudente – a 190 km de Araçatuba, Jundiaí e Praia Grande, em São Paulo; Porto Alegre; Campo Grande; e Vila Velha e Cachoeira do Itapemirim, no Espírito Santo.
“Todos esses desdobramentos foram feitos sem qualquer tipo de referência à operação, porque não era interessante que soubessem que aquele ambiente continuava a ser monitorado. Em todos os casos, houve identificação de abusadores e vítimas. Os abusadores estão presos”, informou Setti.
O delegado chamou a atenção para o fato de que, em muitos casos, o abuso era cometido por parentes das vítimas e em períodos extensos, como aconteceu em Praia Grande, no litoral paulista.
“Achamos imagens dessa criança desde os 2 ou 3 anos de idade, e essas imagens seguiram até a criança completar 8 anos. Ou seja, essa criança foi abusada pelo próprio pai durante vários anos. Os abusos eram praticados na casa da avó da menina, sem conhecimento de mais ninguém. Depois da prisão, ficamos sabendo que os abusos pararam porque o criminoso ficou com medo de que a menina contasse para as amigas. Se não fosse por isso, os abusos teriam continuado”, disse o delegado.
Presos
Entre os mais de 30 criminosos que já foram presos, estão funcionários públicos, professores, médicos e estudantes. Pelo menos 15 vítimas foram localizadas pela investigação. Os nomes das pessoas envolvidas não serão divulgados pela PF para proteger a identidade das crianças abusadas.
O monitoramento do ambiente virtual também permitiu a identificação de criminosos de outras partes do mundo. “Identificamos americanos, franceses, russos, pessoas de vários locais diferentes. Essas informações foram todas encaminhadas para os respectivos países, via Interpol ou via contato direto com as polícias desses países, para seguimento da investigação das pessoas que não são brasileiras”, explicou Setti.
A segunda fase da Operação Glasnost mobiliza cerca de 350 agentes da PF em 51 municípios nos estados do Paraná, de Santa Catarina,do Rio Grande do Sul, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, de Goiás, do Ceará, de Pernambuco, da Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Pará e de Sergipe.
Assista a entrevista coletiva sobre a Operação Glasnot: