Levantamento foi feito com a categorização das plantas adultas em quatro faixas etárias, garantindo maior precisão da estimativa, e com um novo sistema de pagamentos para o ressarcimento da derriça das árvores aos produtores
A previsão da safra 2017/2018 da citricultura do Estado de São Paulo é de 364 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranjas de um total de 174 milhões de árvores, média 14% superior aos últimos 10 anos, informou o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), em evento realizado em Araraquara na quarta-feira, 10 de maio de 2017. O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, que participou do evento, avaliou o resultado como positivo para a produção paulista, que detém o maior parque citrícola do mundo.
De acordo com o secretário, o levantamento do Fundecitrus é importante para “uniformizar informações, evitar manipulação de mercado e dar ao produtor um cenário para que ele possa, com clareza e discernimento, decidir o melhor momento de negociar sua safra”.
Para o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Mônaco, os números apresentados na terceira edição do estudo dão credibilidade ao setor, uma vez que as estimativas apresentadas anteriormente aproximaram-se muito da real produção citrícola paulista. “A estimativa de safra permite dimensionar o parque citrícola, estimando com precisão e abrangência. É o resultado de um esforço significativo dos produtores para se defender e proteger das variações e oscilações do mercado”, afirmou.
Neste ano, o levantamento foi feito com a categorização das plantas adultas em quatro faixas etárias, garantindo maior precisão da estimativa, e com um novo sistema de pagamentos para o ressarcimento da derriça das árvores aos produtores.
Conforme ressaltou o gerente-geral do Fundecitrus, Antonio Juliano Ayres, o trabalho é feito arduamente em uma área de mais de 500 mil quilômetros no curto período de três meses. “Neste ano tivermos adesão de praticamente 100% dos citricultores, que abriram as portas para o Fundecitrus. Também tivemos o apoio da Secretaria, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), na quantificação do que foi plantado anteriormente”, explicou Ayres.
O levantamento mostra que da safra estimada, 68,49 milhões de caixas são das variedades Hamlin, Westin e Rubi; 17,42 milhões das variedades Valência Americana, Valência Argentina, Seleta e Pineapple; 114,52 milhões da variedade Pera Rio; 123,04 milhões das variedades Valência e Valência Folha Murcha e 41 milhões da variedade Natal.
As condições climáticas observadas nesse período também colaboraram para o aumento da produtividade, afirmou o especialista. Em julho, os estresses hídrico e termal provocados pelas noites frias (média de 12 ºC no cinturão citrícola) seguidas por dias quentes e secos (média de 27,3 ºC) favoreceram a indução floral com a chegada das primeiras chuvas em agosto de 2016, exceção feita às regiões do Triângulo Mineiro, Altinópolis e Matão, que tiveram o início das chuvas regulares em outubro.
Diante desses fatos, o número médio de frutos apurado nesta safra é de 753 laranjas por árvore, podendo variar em 1,9% para mais ou para menos.
Parque citrícola
O levantamento do Fundecitrus demonstra ainda o envelhecimento do parque citrícola, com o aumento da idade média dos pomares adultos de 9,8 para 10,3 anos. “Nos últimos cinco anos, houve um decréscimo sensível no plantio, com uma diminuição do inventário do que se plantou e erradicou de 2015 para 2017 de quase 18 mil hectares”, explicou Ayres.
O estudo mostrou ainda que dos 6.511 hectares de área de pomares abandonados em 2016, 4.534 hectares foram recuperados. Uma boa notícia que com a nova fase que vive a citricultura mostra um cuidado maior do produtor.
Para Arnaldo Jardim, o parque citrícola paulista, composto por 174 milhões de árvores em condições de produzir, é um dado a ser festejado. “Continuamos com o maior parque citrícola do mundo e a produção concentrada do Estado de São Paulo. A Flórida, que chegou a colher 160 milhões de caixas há cinco anos, tem previsão de colher 65 milhões de caixas”, comparou.
Porém, o aumento na idade média das plantas é algo que deve merecer atenção para o futuro, sinalizou Arnaldo Jardim. “É importante que isto recue com o plantio de novas árvores, fator que deve ser estimulado pela condição de preços sustentáveis e por meio de políticas públicas”, ponderou.
Após a divulgação da estimativa de safra, Arnaldo Jardim se reuniu com o Conselho Diretor do Fundecitrus para buscar soluções aos desafios e agregar maior produtividade ao setor citrícola nos próximos anos. “São ações como a identificação de iniciativas conjuntas de combate ao greening até a implantação definitiva do Sistema de Mitigação de Risco para o cancro cítrico, agregado ao esforço na área de pesquisa na busca de novas cultivares e manejos que possibilitem avançar em produtividade dos laranjais”, disse.
Também acompanharam a reunião o secretário-executivo das Câmaras Setoriais da Secretaria, Alberto Amorim, e o titular e o coordenador-substituto de Defesa Agropecuária, Fernando Gomes Buchala e Mário Sergio Tomazela, respectivamente.
O secretário convidou para a realização da 39º Semana da Citricultura, evento que será realizado no mês de junho no Centro de Citricultura Sylvio Moreira, em Cordeirópolis referência em termos de pesquisa e manutenção de um dos maiores bancos de germoplasma de citros do mundo. “Hoje em dia, diminuímos a distância entre a pesquisa e o setor produtivo, determinação do governador Geraldo Alckmin”, concluiu o secretário.