Participei no dia 10 de maio do lançamento da previsão de safra 2017/2018 do parque citrícola do Brasil, feita pelo Fundecitrus. Temos boas notícias, pois deve ser 14% superior à média dos últimos 10 anos. A estimativa divulgada mostra mais um resultado positivo para a produção dos 349 municípios mineiros e paulistas que formam este nosso parque citrícola, o maior do mundo.
A previsão é de que sejam colhidas 364 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranjas de um total de 174 milhões de árvores. 68,49 milhões de caixas são das variedades Hamlin, Westin e Rubi; 17,42 milhões das variedades Valência Americana, Valência Argentina, Seleta e Pineapple; 114,52 milhões da variedade Pera Rio; 123,04 milhões das variedades Valência e Valência Folha Murcha e 41 milhões da variedade Natal.
É um número animador para o setor e pode significar uma retomada da citricultura como boa opção de geração de renda ao nosso produtor rural. Para se ter uma ideia do tamanho desta safra, a Flórida, nos Estados Unidos, que chegou a colher 160 milhões de caixas há cinco anos, tem previsão de colher apenas 65 milhões de caixas.
Um resultado alcançado com o esforço dos citricultores. Trabalho comprometido com a preocupação com itens essenciais como a sanidade – mas também auxiliado pela natureza. As condições climáticas observadas nesse período colaboraram para o aumento da produtividade.
Em julho, os estresses hídrico e termal provocados pelas noites frias (média de 12 ºC no cinturão citrícola) seguidas por dias quentes e secos (média de 27,3 ºC) favoreceram a indução floral com a chegada das primeiras chuvas em agosto de 2016. O número médio de frutos apurado nesta safra é de 753 laranjas por árvore, podendo variar em 1,9% para mais ou para menos.
Além disso, a emissão e o pegamento das floradas da safra 2017/18, que ocorreu entre os meses de agosto e dezembro de 2016, foi favorecida pela baixa produção da safra anterior. Isso proporcionou um descanso do ciclo reprodutivo e resultou no aumento das reservas energéticas das árvores do parque citrícola em geral.
A taxa de queda média estimada é de 18,5%. O índice projetado é superior aos apurados nas safras anteriores e está relacionado a um maior volume de produção esperado, o que pode provocar um prolongamento do período de colheita, aumentando a exposição dos frutos às pragas e doenças, o que tem potencial de gerar queda de frutos.
O tamanho médio estimado é de 265 frutos por caixa de 40,8 quilos e frutos menores são esperados nesta safra em função da grande quantidade de laranjas nas árvores que, concorrendo entre si, limitam seus potenciais de crescimento.
Este levantamento do Fundecitrus foi realizado em parceria com Markestrat, Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade de São Paulo (USP) em uma área de mais de 500 mil quilômetros no período de três meses. O produtor rural ajudou muito, com praticamente 100% de adesão e portas abertas ao Fundecitrus – que também contou com o apoio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Neste ano, o levantamento foi feito com a categorização das plantas adultas em quatro faixas etárias, garantindo maior precisão da estimativa, e com um novo sistema de pagamentos para o ressarcimento da derriça das árvores aos produtores. O estudo mostrou ainda que dos 6.511 hectares de área de pomares abandonados em 2016, 4.534 foram recuperados.
Foi observado ainda o envelhecimento do parque citrícola, com o aumento da idade média dos pomares adultos de 9,8 para 10,3 anos. Nos últimos cinco anos, houve um decréscimo sensível no plantio, com uma diminuição do inventário do que se plantou e erradicou de 2015 para 2017 de quase 18 mil hectares.
O aumento na idade média das plantas é algo que deve merecer atenção para o futuro. É importante que isto recue com o plantio de novas árvores, fator que deve ser estimulado pela condição de preços sustentáveis e por meio de políticas públicas.
Já realizamos pela Secretaria ações de combate ao greening e estamos trabalhando pela implantação definitiva do Sistema de Mitigação de Risco para o cancro cítrico. Também trabalhamos na área de pesquisa na busca de novas cultivares e manejos que possibilitem avançar em produtividade dos laranjais.
Destaque-se o protagonismo do nosso Centro de Citricultura Sylvio Moreira/IAC, em Cordeirópolis, que tem importante papel ao manter um fantástico banco de germoplasma, ao ter iniciativas de pesquisas de vanguarda, ao estabelecer parcerias com os produtores, a indústria e os fabricantes de insumos. Aliás, reitero o convite à toda a cadeia produtiva para uma participação ativa na 39ª Semana da Citricultura, que irá de 5 a 8 de junho em Cordeirópolis.
Sabemos da importância da citricultura paulista, pois nossa produção de laranja representa 74% do total brasileiro. No ano de 2016, o valor da produção de laranja industrial no Estado foi de R$ 4 bilhões. Uma força que merece nosso respeito, apoio e sempre boas notícias como esta.
Boa safra!