Após terminar as investigações do caso dos comentários feitos pela blogueira Júlia Salgueiro contra uma criança portadora de Síndrome de Down numa rede social, o delegado Paulo Rameh irá encaminhar o inquérito ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na tarde desta segunda-feira (3). Apesar de a defesa da acusada ter alegado que ela sofre de depressão e faz uso de medicação controlada, o responsável pelas investigações alegou que a justificativa não tem efeito sob as investigações policiais.
“O quadro depressivo não elimina nem justifica a conduta dela. Cabe à Justiça definir se a doença merece a diminuição ou a não aplicação da pena”, explica Rameh. A blogueira, segundo o inquérito, foi enquadrada no crime de Discriminação de Pessoas em Razão de sua Deficiência e, por ter utilizado a internet para cometer o delito, pode ter a pena ampliada para até cinco anos de prisão, além de precisar pagar uma multa de valor a ser definido pela Justiça, caso haja condenação. “Esse é um caso em que o clamor público solicita uma punição a essa pessoa”, frisa.
Ainda de acordo com Rameh, a blogueira afirmou ter apagado os comentários para evitar danos futuros. “Ela também disse que os comentários não eram direcionados especificamente à criança, mas às outras pessoas que estavam acompanhando a publicação”, conta.
O titular do caso afirmou, ainda, ter recebido outras publicações referentes à blogueira. Por terem sido enviados ao delegado na noite do domingo (2), os comentários não entrarão no inquérito. Rameh não confirma a data das publicações, mas afirma que os posts foram feitos por pessoas que conviveram com a blogueira. “As pessoas que escreveram esses comentários dizem que ela já praticou outras ofensas e que, pelo seu comportamento, ela estaria banida do mundo da moda”, diz.
Entenda o caso
Os comentários da blogueira foram feitos numa publicação da tia de uma criança com Síndrome de Down no dia 23 de março. Na foto publicada, a criança, de 11 meses, aparece sorrindo nos braços da tia. Em um de seus comentários, Júlia comparou crianças portadoras da síndrome a filhotes de cachorro.
Para Rameh, esse caso pode servir de lição para situações semelhantes. “Todos temos liberdade de expressão, mas é importante que o que seja dito não ofenda ou diminua o outro”, explica o delegado.