Treze pessoas foram presas em uma operação para desarticular uma quadrilha especializada em furto de combustível de oleodutos da Petrobras. O prejuízo com os desvios é estimado em R$ 33,5 milhões apenas na Baixada Fluminense. A operação Ouro Negro foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (16) no Rio, em São Paulo e em Minas Gerais.
O grupo desviava combustível e petróleo dos dutos da Transpetro, na Baixada Fluminense, para revenda ilegal. Segundo a polícia, era usada a técnica da trepanação, que consistia na instalação de uma derivação clandestina na tubulação perfurada, sem a necessidade de fechar o abastecimento do produto.
As ligações clandestinas foram instaladas em vários terrenos em Caxias, Magé, Nova Iguaçu e, até mesmo, próximo ao Arco Metropolitano. Depois da extração de diesel, gasolina, álcool e até petróleo cru, tudo era levado para refinarias clandestinas em Minas Gerais e São Paulo.
Foram cumpridos mandados de prisão contra Charles Ponciano, preso em Minas Gerais, Renato Tavares de Oliveira e Renato Junior de Oliveira, presos em São Paulo, e Jane Pereira, Sularman de Oliveira e Carlos Alberto Ferreira, presos no Rio.
Segundo a polícia, além de Charles Ponciano, que era responsável pelo arrendamento dos terrenos, foram presos em flagrante dois policiais militares e outras cinco pessoas.
A investigação começou em 2015, e a estimativa é que tenham sido desviados, por ano, 14 milhões de litros de combustíveis da Petrobras. De acordo com a denúncia, a quadrilha atuou entre junho de 2015 e março deste ano.
A operação continuava em andamento às 8h20. Ela é feita pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), da Polícia Civil, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco-MPRJ).
Mandados de prisão
A Justiça expediu 11 mandados de prisão nesses três estados e 26 de busca e apreensão. No Rio de Janeiro, foram presos dois donos de combustíveis, o ex-policial militar Carlos Alberto Ferreira e Jane Pereira. De acordo com as investigações, eles eram proprietários de postos de combustíveis em Caxias e sabiam da origem ilícita do combustível.
O chefe da quadrilha no Rio não foi encontrado. Denilson Silva Peçanha, conhecido como “Maninho”, é considerado foragido. Ele responde por crimes nas quatro varas criminais de Duque de Caxias, incluindo homicídio e tortura. O foragido foi vereador na cidade em 2008. Além de ser responsável pela perfuração e retirada dos combustíveis, Maninho também era responsável por garantir o envio do produto para outros estados, por meio de emissão de notas fiscais fraudulentas.
Outro denunciado, Roniery de Oliveira Alves, era o braço-direito de Maninho e estabelecia rotas dos caminhos e conduzia os motoristas até os locais de perfuração. Adenir de Carvalho fornecia os caminhões, e Sularman de Oliveira era responsável pela atividade da trepanação.
Charles Augusto Ponciano e o já falecido Maximiliano Calixto Oliveira eram responsáveis pelo arrendamento do terreno onde ocorriam os furtos e cuidavam da segurança armada do local.
Outros denunciados eram motoristas que recepcionavam os caminhões nos estados e os dirigiam ao destino final.
Em Campo Limpo Paulista, São Paulo, foram presos Renato Junior Santos de Oliveira e Renato Tavares de Oliveira, que são pai e filho. Eles eram donos de uma empresa de transporte que levava o produto roubado para refinarias clandestinas.
Crimes
Os denunciados são acusados dos crimes de organização criminosa para a prática de furto qualificado de combustível e de petróleo cru.
Alguns integrantes da quadrilha já respondem por furto qualificado de combustível em processos isolados nas Comarcas de Magé e Vila Inhomirim. Já Maninho responde por crimes de tentativa de homicídio e tortura, entre outros, na Comarca de Duque de Caxias.