Mais de 3 mil policiais morreram de causas não naturais entre 1994 e 2016 no estado do Rio, entre policiais de folga e em serviço. O número foi um dos apresentados noFórum de Policiais Mortos da Polícia Militar do Rio de Janeiro, realizado nesta terça feira (31) na academia da Polícia Militar em Sulacap, na Zona Norte do Rio. O percentual de mortos é de 3,59% do efetivo empregado no período, maior do que as mortes americanas nas Primeira e Segunda guerras mundiais.
Os números contabilizam mortos baleados, por acidentes e qualquer forma de morte que não seja natural. No mesmo período, em que passaram 90 mil PMs pela corporação, outros 14.452 foram feridos. Atualmente, 47 mil policiais atuam na PM do Rio. O percentual de baixas da corporação no período, contabilizando mortos e feridos, chega a 19,65%.
“O número é maior do que as baixas do exército americano na primeira e segunda guerra mundiais. É 765 vezes mais fácil você ser ferido servindo na polícia do rio do que estando em guerras”, disse o coronel Fabio Cajueiro, que era um dos oficiais presente na discussão, que visa diminuir a vitimização de policiais. Só no primeiro mês de 2017, 18 policiais foram mortos no estado do Rio.
“Começamos a analisar os números quando estava à frente da 3a Área de polícia pacificadora (que abrange as UPPs do Complexo do Alemão) e vimos que os números são longe de qualquer parâmetro”, disse Cajueiro, que alegou ser necessário dar a “dimensão exata da tragédia”.
“Temos que discutir e analisar as causas das mortes de policiais e pensar em como diminuir esses números. O ideal seria que ninguém morresse, ninguém fosse gerido. E digo para vocês: esse talvez seja o maior pesadelo que eu enfrento na corporação. Se eu pudesse, eu daria essa ordem: estão proibidos de morrer”, disse o coronel Wolney Dias, comandante da Polícia Militar, na abertura do fórum.
O coronel Anderson Maciel, do Centro de assuntos estratégicos da PM, é um dos idealizadores do Programa permanente de capacitação continuada (PPCC) da PM. Segundo ele, além da mudança operacional, é preciso uma mudança de mentalidade. Os policiais de batalhões com maior letalidade, de acordo com ele, sofrem mais.
“Num primeiro momento, queremos atuar no cerne da questão, com mudança de grade curricular, através de matérias de direitos humanos, negociação de conflito e uso seletivo da força. Em um segundo momento, nos batalhões de maior letalidade, mostrar que esse policial precisa se proteger é proteger a própria familia”, diz o coronel.
“Se o policial quer andar armado junto a sua família, a gente não vê isso com bons olhos. A gente quer fazer uma mudança de paradigma, uma mudança de conceitos”, explicou. Uso de colete Na reunião, o comandante da Pm disse que o uso de colete é obrigatório para a própria proteção do policial.
” Tivemos recentemente 6 casos de policiais baleados que não morreram porque estavam de colete. Só isso basta? não, mas é uma medida. Diminui muito a chance de morte. Quando eu torno obrigatório e digo que o não uso de colete é transgressão, não estou preocupado em punir o policial. Eu quero que ele seja consciente. É o nosso EPI (equipamento de proteção individual)”, alertou Wolney.