Trinta e seis advogados, um ex vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e 17 detentos viraram réus após a Justiça de São Paulo aceitar, nesta segunda-feira (12), denúncia do Ministério Publico que aponta envolvimento dos acusados com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital, lavagem de dinheiro entre outros crimes.
Os advogados foram presos na Operação Ethos, desencadeada no mês passado pela Polícia Civil de Presidente Prudente e pelo MP Estadual.
Conforme a investigação, os advogados eram usados para levar recados e ordens da cúpula da facção, presa na Penitenciária de Presidente Venceslau – a cerca de 200 quilômetros de Araçatuba – para demais criminosos que estão na rua.
Os advogados, ainda segundo a polícia, recrutavam “laranjas” para abrir contas bancárias e receber dinheiro do crime organizado.
A defesa dos advogados presos negam as acusações e muitos deles entraram com habeas-corpus no Tribunal de Justiça para que seus clientes respondam em liberdade.
No entanto, as liminares foram julgadas e indeferidas na semana passada. Os HCs seguem em tramitação.
O juiz Gabriel Medeiros, em seu despacho, diz que há “existência de provas do fato e de indícios razoáveis de sua autoria, bem como presentes as condições da ação e os pressupostos processuais”.
O magistrado decretou a prisão preventiva de todos os réus. No caso dos detentos, entre eles, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, a medida suspende qualquer benefício previsto na lei de execuções penais, como progressão de regime e saídas temporárias.
Cinco advogados foram presos na região de Araçatuba, sendo quatro em Birigui e uma em Mirandópolis.
CONDEPE
Um dos réus é o ex vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Luiz Carlos dos Santos, já foi ouvido e confessou que recebia uma mensalidade do PCC para executar serviços encomendados pela facção.
Ele alegou em depoimento ter sido cooptado pelos advogados de Birigui, os irmãos Vanila e Davi Gonçales. Por sua vez, os irmãos advogados rebatem as declarações de Luiz Carlos. (leia matéria abaixo)
A advogada Ana Elena Alves de Lima, que defende os irmãos Vanila e Davi Gonçales, falou com o RegionalPress na noite desta segunda-feira (12).
“Estamos aguardando julgamento de Habeas Corpus para que meus clientes possam responder ao processo em liberdade, posto que não tem cabimento, é um verdadeiro absurdo aguardarem em cárcere medida extrema e desnecessária” disse a advogada, que é de Araçatuba.
“Esperamos que o Tribunal seja tão rápido quanto o juízo de primeira instância, para reparar esta ilegalidade”, disse ela.
“Jamais vi um processo tão célere com tantos averiguados, com mais de 40 volumes. No dia 22 de novembro foi decretada prisão temporária, prorrogada, convertida em preventiva e em menos de 30 dias já houve denúncia, que foi recebida e já expedidos mandados de citação e cartas precatórias”, comentou Ana Elena.
A advogada fez questão de contestar o envolvimento de seus clientes com o crime organizado.
“O fato de os advogados atenderem presos, não significa que façam parte de organização criminosa, não está demonstrado nos autos que os profissionais se prestaram a serviços não advocatícios, muito pelo contrário no caso dos meus clientes, será demonstrado efetivamente a prestação de serviços profissionais realizados, no decorrer da instrução criminal, visto que as atividades profissionais desempenhadas pelos denunciados Vanila e Davi, não possui qualquer relação com suposta organização criminosa bem como jamais ofereceram vantagem ou dinheiro a ninguém”.
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http://rp10.com.br/2016/11/28/advogados-de-birigui-contestam-depoimento-de-ex-membro-do-condepe/