Neste domingo (27), o presidente da República Michel Temer (PMDB) afirmou que o governo vai “atender a voz das ruas” e não vai sancionar a anistia ao caixa dois (movimentação irregular de recursos de campanha), que integra o chamado projeto anticorrupção.
A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva concedida, na tarde deste domingo, por Temer e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Renan Calheiros. Temer afirmou que seria “impossível” para o presidente sancionar a anistia e que ele teria chegado a um acordo “unânime” sobre isso, em conversa com Renan e Maia.
Maia afirmou ainda que “essa emenda nunca existiu efetivamente” e reforçou que o governo “não está votando as dez medidas [contra a corrupção] para anistiar nenhum crime”.
Renan disse que os presidentes da Câmara e Senado concordam que “essa matéria não deve tramitar”, pois não é prioridade. Segundo o presidente do Senado, as matérias econômicas é que são prioritárias, e devem ser votadas para acelerar a retomada do crescimento do País.
PEC dos Tetos
Questionado sobre as notícias ruins no setor da economia, Temer voltou a afirmar que tomou posse em um momento em que o País sofria uma “recessão profunda”. Como solução, o presidente da República cita a PEC dos Tetos (PEC 55), que limita os gastos públicos.
“Não é sem razão que propusemos a questão do teto dos gastos públicos, gastar só aquilo que o governo arrecada”, disse Temer. “Vamos propor reformas para fazer com que o Brasil saia da recessão. Vamos incentivar a indústria, comércio e o agronegócio”.
Crise Geddel
Questionado sobre o caso Geddel, Temer chamou a gravação que Calero possa ter feito de suas conversas de “clandestina e ilógica”, mas afirmou que espera fazer, deste episódio, uma “limonada institucional”.
“Gravar uma conversa clandestinamente é indigno. Um ministro gravar o presidente da República é gravíssimo”, disse Temer. No entanto, o presidente espera, agora, que “a gravação venha à luz” o mais breve possível para que o caso seja solucionado com transparência.
O presidente afirmou que, no caso, estava arbitrando um “conflito de órgãos”, que deveria ser levado à Advocacia-Geral da União. Disse ainda que Eliseu Padilha também sugeriu que Calero levasse a questão à AGU, mas que o ex-ministro da Cultura voltou a abordar o mesmo assunto com Temer. Afirmou ainda que, como presidente, é sua tarefa sempre estar “arbitrando conflitos” e que busca uma “cultura política de diálogo”.