O grupo sucroalcooleiro Renuka do Brasil, controlado pela companhia indiana Shree Renuka e em recuperação judicial desde outubro do ano passado, vai colocar em leilão sua usina de açúcar e etanol na cidade de Promissão (interior de São Paulo). As ofertas deverão ser apresentadas até 19 de dezembro e preveem lance mínimo de R$ 700 milhões, conforme edital publicado na semana passada.
A decisão de leiloar uma das duas usinas do grupo, aprovada pelos atuais administradores da companhia, foi exigência dos credores, entre eles os bancos Itaú, Bradesco, BNDES, além de fornecedores. O grupo, que está em dificuldades financeiras, acumula dívida de cerca de R$ 2,4 bilhões. Segundo fontes, a expectativa é de que a usina de açúcar e etanol Mandhu, como é conhecida a unidade de Promissão, tenha capacidade de atrair investidores, pois possui também uma unidade do cogeração de energia a partir do bagaço de cana.
Controlada pelo grupo indiano Shree Renuka desde 2009, a Renuka do Brasil não consegue honrar suas dívidas com fornecedores de cana e bancos há mais de um ano. Diante das dificuldades, as conversas para a venda de uma das unidades do grupo ganharam mais força nos últimos seis meses.
Essa operação é considerada uma alienação de Unidade Produtora Isolada (UPI), o que em um processo de recuperação judicial permite que o comprador possa adquirir o ativo sem assumir débitos fiscais e trabalhistas, explicou uma fonte.
A consultoria Galeazzi & Associados é responsável pelo processo de reestruturação do grupo Renuka no País.
Próximos passos. O leilão da unidade Mandhu convocado para 19 de dezembro busca atrair um comprador que faça um lance mínimo de R$ 700 milhões. Caso não atraia um investidor para disposto a desembolsar este total no primeiro leilão, outra oferta deverá ser realizada em um segundo leilão, até 23 de janeiro de 2017.
Se ainda assim o valor mínimo não bater o mínimo esperado, os controladores indianos terão de se desfazer de sua participação acionária na segunda unidade produtora do grupo, a Revati, localizada em Brejo Alegre, também no interior de São Paulo, informaram fontes ao Estadão.
A unidade Mandhu é considerada a melhor usina do grupo e tem capacidade para moer 6 milhões de toneladas por ano. A outra unidade tem capacidade de 4 milhões de toneladas.
Onda de investimentos
Estimulada pela expansão do setor sucroalcooleiro no Brasil, a Shree Renuka, que era uma das maiores produtoras de açúcar do mundo no início dos anos 2000, entrou no Brasil com a expectativa de avançar no País, o maior produtor global da commodity.
O grupo indiano tem quatro usinas no Brasil, sendo duas em São Paulo e outras duas no Paraná. Todas estão em recuperação judicial. No entanto, há dois processo distintos de recuperação em andamento – um para as unidades de São Paulo e outro para as unidades do Paraná.
São processos diferentes porque a Renuka do Brasil tem cerca de 60% de fatia nas unidades de São Paulo. Os 40% restantes estão nas mãos de acionistas da Equipav, grupo que atua em construção e é o fundador das duas usinas paulistas. Já as unidades no Paraná são 100% controladas pelos indianos.
Os planos de expansão dos indianos foram frustrados no Brasil com a crise que se abateu sobre o setor sucroalcooleiro. A operação ficou insustentável no ano passado, quando o grupo entrou com pedido de recuperação judicial na Justiça de São Paulo.
Procurados, o grupo Shree Renuka na Índia, Renuka do Brasil e Galeazzi não retornaram os pedidos de entrevista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.