Advogados foram presos no Estado de São Paulo, nesta terça-feira (22), por suposta ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios paulistas.
A ação ocorreu nesta manhã em 20 cidades do Estado em uma operação batizada de Ethos e realizada pela Polícia Civil e o Ministério Público Estadual.
Pelo menos cinco advogados, três mulheres e dois homens foram presos na região de Araçatuba. As prisões ocorreram em Birigui e Mirandópolis, conforme as primeiras informações. Os advogados seriam levados para a Delegacia Seccional de Araçatuba. Nomes não foram divulgados. Outros dois advogados foram presos em Lins e Cafelândia.
Os mandados também aconteceram na grande São Paulo, onde o vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), Luiz Carlos dos Santos, foi detido. Até por volta das 10h, mais de 30 pessoas haviam sido presas. Computadores, notebooks e documentos foram apreendidos para análises.
Segundo o Ministério Público, as investigações começaram após informações reveladas em uma carta interceptada por agentes da Penitenciária “Maurício Henrique Guimarães Pereira”, a P2 de Presidente Venceslau, em 11 de maio de 2015, durante procedimento de varredura de rotina.
Conforme a Polícia Civil, os envolvidos nos crimes tinham uma célula denominada “sintonia dos gravatas” – modo como é tratado o departamento jurídico da facção criminosa – criada inicialmente para prestação de serviços exclusivamente jurídicos aos líderes da “sintonia final geral” ou “conselho deliberativo”, que são os chefes da organização ilícita.
Ainda durante as investigações, foi constatado que advogados, por meio de pagamento de propina a pessoas envolvidas em órgãos do Estado, visavam concretizar o objetivo da facção criminosa, que seria o financiamento e controle de agentes públicos e colaboradores, característica primordial da definição de crime organizado.
Os advogados envolvidos são suspeitos de movimentar dinheiro do crime organizado em contas bancárias e ainda de ajudar a criar uma espécie de banco de dados com os nomes e endereços de agentes penitenciários e dos parentes deles para serem mortos.
Ainda de acordo com a polícia, dois advogados, integrantes da célula, prometeram à liderança da organização que conseguiriam se tornar conselheiros do Condepe. Como não conseguiram, realizaram a aproximação a Luiz Carlos dos Santos e ofereceram dinheiro em troca de “serviços escusos” do Condepe.
As investigações foram conduzidas pelo Departamento de Polícia de Presidente Prudente e a operação teve o apoio do Ministério Público (MP) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A ação, realizada no Estado, conta com 159 delegados, 459 policiais civis, 65 promotores e 167 viaturas.
O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, concederá entrevista coletiva às 15 horas desta terça-feira (22) para falar sobre a Operação Ethos.